Jornalista lança livro sobre possível assassinato de Pablo Neruda

O jornalista e investigador espanhol Mario Amorós lançou no Chile o livro ” Sombras sobre a Ilha Negra, a misteriosa morte de Pablo Neruda”, obra que busca esclarecer o falecimento do ilustre poeta chileno.

 

Em entrevista para a Rádio Cooperativa do Chile, Amorós não descartou que o poeta pode ter sido assassinado: ” Eu acredito que sim, mas nunca vou afirmar até que se prove e só há uma maneira de provar, ao meu entender, que é a exumação”.

“O Chile não pode permitir que a morte de seu maior poeta, aquele que com seus versos contou e desejou uma pátria melhor, para os mais humildes, permaneça coberta pelas sombras da ditadura”, agregou, ao referir-se ao motivo de sua obra, apresentada na biblioteca do Centro cultural Gabriela Mistral.

O volume de 246 páginas, apresenta documentos e depoimentos em torno aos últimos dias e horas de Neruda, quando estava internado na Clínica Santa María de Santiago, enquanto golpistas queimavam seus livros e de outros autores chilenos.

Aprofunda o texto literário no último ano de vida do poeta, desde seu retorno ao Chile como embaixador na França, em novembro de 1972, durante o governo da Unidade Popular do Salvador Allende (1970 -1973) até sua morte e enterro.

Manuel Araya, motorista e amigo pessoal do Nobel de Literatura (1971), declarou perante a justiça chilena e assim ratifica o livro que ” Neruda não estava para morrer; foi assassinado” pelo regime militar de Augusto Pinochet (1973-1990).

Relatou Araya que após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 a família e os amigos do poeta decidiram transportá-lo do seu lar até a Clínica Santa María de Santiago por segurança. “Pensávamos que na clínica estaria mais seguro. Nunca pensamos que iam colocar uma injeção e ele morreria”, expressou.

Acrescenta em seu depoimento que Neruda ligou para ele para dizer que tinham aplicado uma injeção no estomago e que ele estava muito febril.

“Essa maldita picada o matou. Estava com câncer, mas suportava bem. Ele não estava mal, viajaria para o México dois dias depois. Ele não estava mal, o governo militar não queria que ele saísse do país por isso o mataram”, opinou Araya.

De acordo com a informação propagada pelo regime militar, Neruda faleceu no dia 23 de setembro de 1973, devido a um câncer na próstata. No entanto, antecedentes do Hospital Carlos Van Buren da cidade de Valparaíso, onde Neruda fazia o tratamento da doença, indicam que o câncer estava controlado.

No ano passado o Partido Comunista do Chile apresentou uma reclamação para esclarecer a causa e circunstancias da morte de Pablo Neruda, que foi militante comunista e destacado representante político do governo de Salvado Allende.

Fonte: Prensa Latina

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