GLOBO-CBF: O papo de compadres em Joanesburgo

Globo-CBF: tudo nos conformes.

por Adilson Filho, no blog E Agora?

“No final o bandido casa com o mocinho, e o best -seller vai pra milésima edição” (Raul Seixas)


Ontem Ricardo Teixeira foi ao programa “Bem amigos especial” para selar a paz entre a velha comadre e a entidade. Aliás, nunca o nome desse programa caiu tão bem como ontem: Bem amigos. Que alegria, como eles se entendem bem.

E do encontro entre os amigos especiais, ontem, já saiu o primeiro acordão, publicado na primeira página de O Globo: O torcedor precisará ter paciência, já que o principal é a renovação. Esse é novo ditame que teremos que professar, é a tônica que permeará a cobertura da grande a seleção: paciência.

Agora, meus amigos, percebam a incongruência disso tudo e como eles acham que as pessoas são marionetes, bonecos que eles manipulam pra lá e pra cá, do dia pra noite, pra repetir o que eles querem.

A seleção que Dunga pegou em 2006, foi talvez a renovação de maior impacto já acontecida no futebol brasileiro. Com a aposentadoria de dinossauros consagrados vindos de um fracasso rotundo como Dida, Cafu, Roberto Carlos, Zé Roberto, Emerson e Ronaldo, houve renovação em todos os setores do time: no gol, nas duas laterais, no meio de campo e no ataque. No entanto, apesar de ganhar tudo que disputava, a seleção era cobrada jogo a jogo com um rigor absolutamente excessivo e nunca antes visto, com todas as distorções que eu já estou até cansado de falar. Não foi pedido nenhuma paciência nesse momento delicado do nosso futebol.

Muito pelo contrário, nesse ano a cobrança recrudesceu, baixando ao nível de ataques pessoais, comparações malditas, incitação pra que as pessoas torcessem contra, intrigas descabidas, pressão, pressão e mais pressão…só não fizeram colocar bomba no vestiário do Brasil.

Quando a seleção sai da copa vem a enxurrada final, ataques por todos os lados de todas as maneiras, incitando sempre o torcedor a ser rude e intolerante com esse grupo. O tecido do bom senso foi esgarçando de uma tal maneira que os jogadores desembarcaram como traficantes de alta periculosidade, como se tivessem feito um grande mal à nação – foram escoltados por policiais pois corriam o risco de serem linchados.

Agora, no dia seguinte, de forma singela e educada,os representantes da Globo-CBF vem pedir ao torcedor para ter paciência pois passaremos por uma renovação.

Ou seja, os senhores doutores que mandam no futebol brasileiro, sem sequer esperar o defunto que golpearam esfriar, vem pedir, na cara mais deslavada desse mundo, a esse mesmo torcedor — que eles colocaram com os nervos a flor da pele incitando ao ódio — para desligar de tudo e ter paciência e generosidade com a sua seleção. Como se as pessoas tivessem um botãozinho no cérebro que pudessem apertar da noite pro dia: ligue 1 para odiar e ficar transtornado; ligue 2 para ter longanimidade e paciência. E o mais esdrúxulo disso tudo é que o argumento que usam para fazer tal pedido é mentiroso e hipócrita, já que sabemos que renovação não será total e a principal, que “cortou na carne”, foi feita em 2006.

Pra terminar não posso deixar de registrar um trecho da conversa dos amigos especiais, pois nos dá uma boa noção de como funciona o modus operandi dessa gente:

Renato Maurício Prado pergunta: Presidente, o senhor em algum momento pensou em mudar alguma coisa, no que foi feito?

Ricardo Terra Teixeira responde: Vocês da Globo que viajam muito sabem, quando o avião está no ar passando pelo Atlântico, você pode até querer voltar, mas percebendo que não tem gasolina vê que é melhor deixá-lo seguir até o destino final.

Carlos Eduardo Galvão Bueno comenta: “Tá respondido, não precisa dizer mais nada”

Renato Maurício Prado (fechando o olho e colocando os dentes pra frente): risos…

Ricardo Terra Teixeira suspira pensando: Ufa, falei.. mas acho que agora minha barra limpou.

Carlos Eduardo Galvão ainda faz mais uma pergunta: E o senhor consegue perceber hoje alguma coisa que tenha faltado, que sentiu vontade de ter nesse período?

Renato Maurício Prado responde (pelo amigo especial) : “Mais gasolina pro avião poder voltar, né presidente?!”

Por fim todos caem no riso. Ao final da entrevista, como é de praxe, todos os amigos sairiam para um bom jantar na noite fria de Joanesburgo.

No mais, fica tudo nos conformes, a paz é reestabelecida , o poderoso chefão do futebol brasileiro devolve a seleção nacional a Galvão Bueno e Renato Maurício Prado. E o jogo do poder, que na verdade é um belo jogo de comadres, segue empatado e equilibrado: Globo 1X1 CBF.

Até 2014, e não se esqueçam: Eles contam com você torcedor!

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