Gilberto Gil completa 75 anos brilhando na cultura brasileira

Há alguns meses chegaram a “matar” Gilberto Gil por causa de sua internação no hospital para cuidar de um problema renal crônico que o acometeu. Mas para o bem da cultura e da música popular brasileira, isso não passou de mais um boato maldoso sobre a vida de um grande artista.

Gil nasceu em Salvador no dia 26 de junho de 1942. Cedo sua veia musical brilhou. Assim, o mundo perdia um mal administrador de empresas, curso no qual o artista baiano se diplomou pela Universidade da Bahia, e ganhou um músico de rara sensibilidade.

Tempo rei 

Com mais de 50 anos de carreira, Gil despontou nos famosos festivais de MPB dos anos 1960, principalmente da TV Record, a coqueluche daqueles anos. Saiu de Salvador e veio para São Paulo, onde iniciou sua vida artística.

Recebeu inúmeras homenagens pela passagem de seu aniversário nesta segunda-feira (26). Destaca-se a das suas filhas Bela e Preta Gil. Inclusive, ele próprio conta que quando foi registrar Preta o escrivão se recusava e o cantor argumentou perguntando: “Não tem gente que chama Branca?” Assim tem sido a vida desse grande artista. Resistência com sabedoria aos ataques infames à inteligência.

”Se existe alma gêmea, tenho certeza que já nasci conhecendo a minha”, escreveu Bela, para o pai. ”A cada dia que passa nos tornamos mais amigos e mais apaixonados um pelo outro. Sinto por você uma mistura de gratidão, admiração, paixão e muito amor. Ser filha de uma pessoa extremamente sensível, humilde, amorosa e sábia é uma grande sorte! Pai, que o seu dia seja repleto de amor e paz, rodeado de amigos e família que você ama. Meu eterno professor, te amo”.

”’O melhor lugar do mundo é aqui e agora’ com você perto de mim! Parabéns meu pai amado pelos 75 anos de vida tão bem vividos. Peço a Deus e aos Santos que te protejam e que você tenha muita saúde! Te amo eternamente meu amigo, meu herói, meu pai”, escreveu.

Realce 

Como um dos grandes articuladores e pensadores do tropicalismo – que neste ano completa 50 anos – Gil fez ferver multidões pelo mundo afora com um som eclético, misturando música regional nordestina com o rock dos Beatles, Jimi Hendrix, Rolling Stones, bossa nova, samba, reggae, entre outros gêneros.

A tropicália trouxe para a MPB novos conceitos e uma busca incessante de valorizar a cultura brasileira rompendo tradições arquetípicas para criar uma música sem igual. Gil também foi um dos responsáveis pela “criação” do gênero MPB, que surgiu pela falta de como catalogar a produção musical dele e de Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e outros grandes nomes da nossa música popular.

Preso juntamente com seu amigo inseparável Caetano Veloso em 1968. Os governantes se incomodaram com suas vestimentas, sua maneira de se apresentar nos palcos, mas principalmente com a arte desses dois baianos como um atentado à moral e aos bons costumes.

Refavela 

Isso porque o Brasil vivia numa ditadura férrea (1964-1985) e eles dançavam e rebolavam e por vezes até vestiam saias. Seria cômico se não fosse trágico ver que a mania de perseguição a artistas que pensam diferente não vem de hoje, em pleno século 21 esse tipo de atitude virou rotina, o que só faz mal para a cultura e para a vida.

Felizmente existe Gilberto Gil para nos curar dessa dor de ver o mundo se deteriorar porque pessoas do mal assaltaram o poder e arregimentaram exércitos furiosos de pessoas que não sabem o que fazem, mas fazem sempre o pior. Incluisve assumiu o Ministério da Cultura no governo Lula entre 2003 e 2008 e emprestou o seu talento para valorizar produção cultural de uma nação faminta de cultura.

Mostrando que arte e política caminham pari i passu, Gil produziu centenas de canções gravadas no imaginário popular, contando as transformações desta nação, como crônicas do cotidiano, nos apresentou temáticas ainda impensadas e nos leva a reflexões profundas sobre como a necessidade de realce em nossas vidas.

Refazenda 

Suas centenas de canções celebram a vida, a paz, os amores correspondidos o não, as dores de ver tanta desigualdade, onde canta o “mundo tão desigual, tudo é tão desigual, de um lado este carnaval, de outro a fome total” (A novidade).

Super-homem 

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy

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