“Era o Hotel Cambridge” mostra a gana do capital em construir e destruir para lucrar

Esta cena mostra que bater panelas não foi invenção da classe média

O filme “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé, choca ao apresentar de maneira clara o drama de pessoas que trabalham nas imediações do centro de São Paulo e não têm como obter moradia. A solução é ocupar prédios abandonados.

Caso do antigo e glamouroso Hotel Cambridge. Para além do problema insano da fala de moradias, causado por falta de uma reforma urbana que contemple as necessidades da maioria da população, que vive da sua força de trabalho.

Ao apresentar as dificuldades enfrentadas pelos refugiados, que buscam uma vida digna, distantes de seus entes mais queridos, o filme mostra o papel central da cultura na construção de identidade de um povo, de uma nação. E para manter a autoestima.

Baseado no livro “Era o hotel Cambridge: arquitetura, cinema e educação”, da arquiteta, diretora de arte e professora da Escola da Cidade, Carla Caffé, a película transborda em delicadeza e generosidade.

À espera da execução de uma ordem de despejo, a presença de imigrantes é questionada como um problema a mais a ser enfrentado e Carmen Silva (que interpreta ela própria), a líder da ocupação encerra a discussão ao afirmar que “brasileiro, estrangeiro, somos todos refugiados, refugiados de nossos direitos”.

Assista trailer oficial do filme: 

A trilha sonora dá o impacto necessário para denunciar a ameaça constante de violência, vivida pelos ocupantes. Com cenas reais mostram uma ação policial em uma desocupação, sem se importar com a presença de idosos, mulheres, crianças e pessoas desarmadas.

A presença dos atores José Dumont e Suely Franco em meio a não atores, dá um caráter de nitidez ao drama. “Era o Hotel Cambridge” diz de forma delicada, em tempos sombrios, como o capitalismo desumaniza a vida. Que se humaniza na insistência e na necessidade de se viver.

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy. Foto: Divulgação

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