Documentário sobre Mestre Moa do Katendê é um grito pela paz e pela liberdade

Documentário Mestre Moa do Katendê – a primeira vítima estreia no Pelourinho (Foto: Giana Matiazzi/TV Bahia)

O novo filme, Mestre Moa do Katendê – a primeira vítima, do documentarista argentino, radicado no Brasil, Carlos Pronzato estreou nesta terça-feira (23), no Pelourinho, em Salvador, capital da Bahia, ao ar livre, para uma multidão.

O cineasta conta que a estreia nacional nas redes ocorre na noite desta quinta-feira (25). Afirma ainda que os 45 minutos do documentário são de pura emoção por causa das condições insanas dessa morte violenta. O documentário conta com 30 pessoas entrevistadas que relatam como ocorreu o crime e falam da importância de Mestre Moa para a cultura da Bahia.

Assista o documentário Mestre Moa do Katendê – a primeira vítima completo 

“O mundo inteiro já sabe que o Brasil vive um momento perigoso de sua história”, diz Pronzato. “O teor de ódio e violência de Bolsonaro é responsável por essa morte e pela violência que se espalha pelo país e o filme tenta captar e denunciar esse clima criado pelo candidato à Presidência”, acentua.

O diretor conta ainda que a ideia desse documentário veio do produtor Paulo Magalhães, que é da Associação Brasileira de Capoeira Angola, da qual o capoeirista Moa fez parte. Magalhães citou ao G1 a frase “Só um milagre humano anulará tantos projetos medonhos que matam e escravizam a sociedade e apagam nossos sonhos. Quem vai quebrar a máquina do mal?”, que faz parte de uma música de Romualdo Rosário da Costa, o Mestre Moa do Katendê, para definir a importância da obra..

Mestre Moa foi brutalmente assassinado na madrugada da segunda-feira (8), após declarar em um bar ter votado em Fernando Haddad e criticar Jair Bolsonaro, um eleitor do extremista foi para casa pegou uma faca e pelas costas desferiu 12 facadas em Moa, que faleceu aos 63 anos.

Inclusive Caetano Veloso gravou um vídeo falando desse crime hediondo e vem se dedicando a combater o clima de ódio presente na sociedade brasileira. Caetano era amigo de Mestre Moa.

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“A proposta do documentário começou no mesmo dia”, afirma Pronzato. “No dia seguinte iniciamos e concluímos os trabalhos na terça-feira (23) para a estreia aqui em Salvador, terra do Moa, onde ele é extremamente querido”.

De acordo com Magalhães “a gente tentou falar um pouco sobre o aspecto cultural, para realmente falar da memória e do legado do Mestre Moa e essa dimensão política, do que significa esse crime”.

É exatamente o que explica Pronzato ao dizer que tentou levar ao público a emoção dessa perda irreparável para a cultura e para a democracia, com “reflexões sobre o clima político que levou à essa fatalidade. Não tem como não pensar politicamente na conjuntura que vivemos”.

Ele conta também que tem enfrentado alguns problemas com a exibição da obra por perseguição política. “Sofri denúncia de que estaria fazendo campanha para um candidato e tentaram me obrigar a retirar do Facebook fotos do filme, mas ainda não fui obrigado”.

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O diretor Carlos Pronzato fez o fime em 14 dias (Foto: Danutta Rodrigues/G1)

Para Magalhães, esse crime é “contra a comunidade negra, contra um ativista cultural, contra uma pessoa que se posicionou, e ao mesmo tempo uma coisa gratuita, o que mostra o clima de ódio, de violência, de intolerância que está se acirrando cada vez mais nesse cenário novo que a gente está vivendo”.

Pronzato acredita que esse documentário é “mais um dos muitos gritos que a sociedade brasileira dá em favor da paz e da liberdade”.

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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