Correio do Povo demite dirigente da Federação Nacional dos Jornalistas

Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) foi surpreendida, nesta quinta-feira (20), com a notícia de que o ex-presidente Celso Augusto Schröder, atual diretor de Relações Institucionais da entidade, foi demitido pelo Correio do Povo, jornal do Estado do Rio Grande do Sul onde o jornalista trabalhava há 30 anos.

Atual presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (Fepalc), membro titular do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional e ex-vice-presidente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Schröder foi convocado por telegrama para receber o comunicado de dispensa pelo diretor de Redação.

Durante a metade das três décadas em que foi funcionário da empresa, o ex-presidente da FENAJ foi impedido de exercer a função de chargista – para a qual fora contratado -, em função dos mandatos sindicais que exerceu ao longo dos últimos quinze anos.

Liberado para representar o movimento sindical dos jornalistas, há dois meses Schröder se apresentou para trabalhar e a direção do Correio do Povo teve de permitir a volta dele à função. Porém, ontem, a empresa anunciou o desligamento unilateral de Celso Schröder, que é também professor do curso de Jornalismo da Famecos – Faculdade de Comunicação da PUCRS.

A demissão de jornalistas é uma prática usual no Grupo Record. Na TV, por exemplo, o processo de afastamento dos profissionais que paralisaram as atividades em função de reivindicações da categoria foi amplamente denunciado pelo Sindicato dos Jornalistas no Estado do Rio Grande do Sul. À época, a equipe foi reduzida ao mínimo.

A dispensa de um dirigente sindical de reconhecida atuação internacional e acadêmica, contudo, confirma o desprezo do Correio do Povo à autonomia sindical e escancara uma forma de violência não só contra Schröder, mas contra todos os jornalistas, cujos dirigentes deveriam ter assegurado o direito de exercer com liberdade a defesa da categoria dentro e fora da empresa.

A agressão às entidades representativas dos jornalistas, a perseguição política e o desrespeito dos veículos de comunicação aos dirigentes sindicais não são fatos isolados. Mais que um novo caso de prática antissindical contra diretores no exercício do mandato, a demissão de Celso Schröder integra um contexto de ataques à democracia, aos direitos e a livre organização da classe trabalhadora, que devem ser denunciados e combatidos com firmeza não só pela categoria, mas por toda a sociedade.

A Fenaj, os 31 sindicatos de jornalistas filiados e as entidades abaixo subscritas repudiam de forma veemente a demissão do ex-presidente e informam que tomarão todas as providências cabíveis para devolver a Celso Augusto Schröder o direito de representar e defender a categoria com liberdade e autonomia, como prevê a legislação desrespeitada pelo jornal Correio do Povo.

Brasília, 20 de abril de 2017

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Federação Internacional dos Jornalistas – FIJ
Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe – Fepalc
Federação Latinoamericana de Jornalistas – Felap
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
União Geral dos Trabalhadores no Pará – UGT/PA
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC
Confederação dos Servidores Públicos Municipais – Confetam
Federação dos Trabalhadores em Rádio e TV – Fitert
Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal no CE – Fetamce
Federação dos Sindicatos dos Servidores Municipais Cutistas do PR – Fessmuc
Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do PA – Fetec/Centro Norte
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica do CE – Sintigrace
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba – Sismuc

Fonte: Fenaj. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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