O prefeito de São Bernardo, no ABC Paulista, Orlando Morando (PSDB) vai ficar na história como o prefeito que censurou o cantor e compositor baiano Caetano Veloso, uma das principais vozes da música popular brasileira de todos os tempos.
O espetáculo estava marcado para acontecer às 19h desta segunda-feira (30), mas uma decisão judicial impediu a sua realização. A alegação da juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública da cidade é de que o local não suportaria o talento de Caetano, ela ainda impingiu uma multa de R$ 500 mil, caso a ordem judicial fosse desobedecida.
Para ela, o terreno de 60 mil metros quadrados não possui estrutura para um show desse porte. O local “não possui estrutura a suportar show, mormente para artistas da envergadura de Caetano Veloso, um dos requeridos nesta ação. Seu brilhantismo atrairá muitas pessoas para o local, o que certamente colocaria em risco estas mesmas”, disse.
Não contente, a juíza ainda argumenta que “como ressaltado, não há estrutura para shows, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável. Destarte, o povo merece shows artísticos, mas desde que atendidos requisitos, que aqui não estão presentes, conforme bem alegado pelo Ministério Público”.
Caetano afirmou que “o show foi adiado por uma decisão judicial, mas fizemos um lindo ato público em apoio à Ocupação Povo Sem Medo. Estamos juntos nessa luta pelo direito humano à moradia”.
O show ocorreria em solidariedade aos ocupantes desse terreno desde o dia 1º de setembro. Eles querem que a gleba seja utilizada para o programa Minha Casa Minha Vida e assim possam ter a tão sonhada casa própria.
Além de Caetano estavam na ocupação Criolo, Emicida, Sonia Braga, Letícia Sabatella, Alinne Moraes. Todos inconformados com a decisão judicial. Caetano disse que nunca é bom ser proibido de cantar. “Mais que nunca é preciso cantar”, falou repetindo versos de Vinicius de Moraes.
A empresária e produtora de Caetano Veloso, Paula Lavigne garante que o show será remarcado. “Vamos ver o que precisamos fazer para o show ser remarcado, nem que o pessoal da ocupação vá para outro local para ver o show”.
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Inclusive os artistas chegaram mais cedo à ocupação para conversar com os sem teto e entender o drama da falta de moradia e o crescimento da pobreza no país pós-golpe de 2016.
Assista o vídeo de Nacho Lemus – TeleSUR
Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem teto (MTST), no entanto, asseguram a realização de uma grande marcha a partir das 5h da manhã desta terça-feira (31) rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O terreno pertence à MZM Construtora, que de acordo com o MTST deve R$ 500 mil de IPTU para a prefeitura, que não cobra a dívida, mas dificulta a vida dos ocupantes do terreno abandonado há 40 anos afirmam eles.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy. Fotos: Mídia Ninja