Contag denuncia privatização da Embrapa: “É nossa, é do povo, é do Brasil”

A diretoria da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares) lançou nota pública na segunda-feira (14) para denunciar o governo Jair Bolsonaro pelo processo de privatização da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Segundo a entidade, trata-se de “mais uma tentativa de desmonte do patrimônio público em atendimento aos interesses das grandes corporações”.

“A Embrapa é nossa, é do povo, é do Brasil e deve, dessa forma, ser mantida como um dos órgãos fundamentais para a garantia da soberania de todas e de todos os brasileiros e brasileiras”, afirma a Contag.

Confira abaixo a íntegra da nota.

NOTA DA CONTAG: A Embrapa é do povo brasileiro

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) vem a público externar sua posição contra o processo de privatização da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que vem sendo implementada no âmbito da atual direção, sob a tutela do governo federal.

A Embrapa é um patrimônio nacional, fundamental no avanço da pesquisa agropecuária e desenvolvimento de tecnologias sociais para a produção de alimentos pela agricultura familiar, como forma de garantir a segurança e soberania alimentar e nutricional da população brasileira.

Essa é mais uma tentativa de desmonte do patrimônio público em atendimento aos interesses das grandes corporações que já acumulam a patente das sementes, dos insumos e dos venenos que circulam livremente na produção agropecuária do País. Esse processo tem criado diversos problemas ao desenvolvimento social e econômico brasileiro, inclusive para a produção agrícola, como foi o caso da venda da empresa de fertilizantes subsidiária da Petrobrás que encareceu os insumos agrícolas.

Não por acaso, essa agenda se alinha diretamente com os recordes frequentes de desmatamento na Amazônia brasileira, cujas fases subsequentes constituem a implantação de pastagens para bovinocultura de corte e consequente expansão da soja no território utilizável.

Acrescente-se a tudo isso, as consequências desastrosas que levam à insegurança alimentar de grande parte da população, a erosão genética de cultivos alimentares de verdade (não produtos para importação), concentração da riqueza nas mãos de ricos e multiplicação da pobreza. O lucro resultante dessas empresas e das grandes propriedades não gera desenvolvimento sustentável e a distribuição de renda nos municípios, pelo contrário, é perceptível a predominância de mais pobreza onde se apresenta.

Pesquisa agropecuária não pode ser produto de mercado. Deve ser uma estratégia de Estado considerando a necessidade da produção de alimentos saudáveis e sustentáveis para combate à fome e à miséria e também manter o País competitivo no cenário internacional e a Embrapa é fundamental nesse caminho.

Portanto, essa é mais uma investida para a implantação desastrosa rumo ao estado mínimo, por meio da redução drástica dos recursos públicos para políticas básicas como saúde, educação, bem como para a pesquisa, Ater, meio ambiente, assim como para a garantia do “bem comum”.

Diante do exposto, a Contag registra sua indignação por mais essa tentativa de desestruturação do Estado brasileiro, principalmente por colocar em risco o já precarizado atendimento às demandas da agricultura familiar brasileira.

A Embrapa é nossa, é do povo, é do Brasil e deve, dessa forma, ser mantida como um dos órgãos fundamentais para a garantia da soberania de todas e de todos os brasileiros e brasileiras.

Diretoria da Contag