Villas-Bôas e Etchegoyen tiveram encontro secreto com Temer um ano antes do golpe

Reunião foi intermediada por Dennis Rosenfield, que era considerado um guru da “nova direita”, em 2015. Após encontro, professor de filosofia divulgou texto: “ou o país vai de Temer ou afunda”. Fato confirma relato feito à época pelo ex-senador Romero Jucá que revelou o respaldo de chefes das Forças Armadas ao golpe, consumado e coroado com a eleição do capitão reformado Jair Bolsonaro

 Os generais Eduardo Villas-Bôas, então comandante do Exército, e Sergio Etchegoyen, que chefiara o Estado Maior, tiveram uma reunião secreta com Michel Temer (MDB) um ano antes do golpe que depôs do poder a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).

A revelação foi feita por Denis Rosenfield durante o lançamento do livro A Escolha, que reúne uma série de entrevistas feitas com Temer.

Professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rosenfield foi tratado como uma espécie de “guru” da “nova direita” durante o processo que culminou no golpe e chegou a ser convidado por Temer para assumir o Ministério da Defesa.

Amigo de Eitchegoyen, ele conta que foi procurado por Villas-Bôas em 2015, pois os militares estavam “preocupados com o país”. Rosenfield, então teria intermediado o encontro sigiloso, do qual participou também Etchegoyen, que em 13 de maio de 2016 foi nomeado ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, no governo golpista de Michel Temer.

Seu relato confirma um outro, feito já em 2016 pelo ex-senador Romero Jucá, um dos líderes golpistas, que também apontou a cumplicidade do STF. “Conversei ontem com alguns ministros do Supremo”, disse Jucá em conversa privada que foi gravada sem o seu conhecimento e acabou vazando. “Os caras dizem: ´ó, só tem condições de (inaudível) sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca´. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o que, para não perturbar”.

Golpe

Em 2015, após intermediar o encontro dos generais com Temer, Rosenfield iniciou uma cruzada para a derrubada de Dilma. Em artigo no site Congresso em Foco, o guru da “nova direita” decretou: “ou o país vai de Temer ou afunda”.

“O Brasil precisa de uma solução assim: o vice assume, conclui o mandato da presidente Dilma e faz as reformas de que o país precisa, num governo de unidade nacional. Sem a reeleição de Temer. O impeachment é aconselhável e constitucional, por razões como as pedaladas fiscais e a omissão da presidente em relação ao aparelhamento do Estado. Mas isso teria de ser uma decisão política”, escreveu à época.

Em 2019, já sob o governo Jair Bolsonaro, Villas-Bôas publicou uma sequência de tuítes em que cita o nome de Rosenfield como um “daqueles que têm procurado trazer à luz a verdade sobre essas questões ambientais e indigenistas”.

“Me refiro ao Ministro Ricardo Sales, Aldo Rebelo, Evaristo de Miranda, Luiz Carlos Molion, Lourenço Carrasco, Denis Rosenfield, Professor Francisco Carlos, General Rocha Paiva, General Alberto Cardoso e o General Heleno”, tuitou o general, que se tornou defensor ferrenho do governo Bolsonaro.

Fonte: Com informações da Fórum

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