Trabalhadores do saneamento fazem ato no MP-Rio e cobram ação contra venda da Cedae

Os trabalhadores da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) fizeram uma grande manifestação na porta do Ministério Público do estado nesta quarta-feira (22), cobrando a intervenção do MP no processo da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que autorizou a venda da empresa.

A manifestação, organizada primariamente pelo Sindicato dos Trabalhadores nas empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do RJ (Sintsama-RJ), contou com a presença de vários outros sindicatos e categorias, como os servidores da UERJ, do Muspe e os metalúrgicos do Rio. Também estiveram no ato dois representantes internacionais de servidores públicos de Nova York, Wayne Spencer e Mike Barry, que atuam na área da educação com foco na questão da água. Ambos denunciaram a luta em defesa da água pública e destacaram a péssima qualidade da água privatizada na sua cidade.

O presidente nacional da CTB, Adílson Araújo, participou da manifestação com um discurso inflamado contra o assalto ao patrimônio público perpetrado pelo governo Pezão. “O que se esconde por trás das nuvens da privatização da Cedae é o maior programa de desconstrução de um país já visto na História. Quais são as pretensões dessa política, que trata uma empresa pública conceituada, de respeito, rentável, e coloca ela na vala da privatização?”, questionou. Para Adilson, as forças que advogaram o golpe de Estado agora agem em um segundo movimento, do capital contra o trabalho. “O governo que se instituiu a partir do golpe é um ‘governo Casas Bahia’, querem liquidar tudo! Querem entregar o patrimônio nacional aos interesses das empresas de capital estrangeiro”, acusou.

Ele mencionou ataques similares a outras grandes empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e a Petrobras. Também criticou a proposta de reforma da previdência do governo Temer e o projeto que congela os recursos para a saúde e outros serviços públicos.

O presidente do Sintsama-RJ, Humberto Lemos, usou sua fala para ressaltar que os trabalhadores continuam na luta para barrar a privatização da Cedae, e defendeu a intervenção do Ministério Público no assunto.

Audiências em prol da Cedae

Durante a manifestação, foi protocolado um abaixo-assinado com mais de 11 mil assinaturas contra a privatização da Cedae, recolhidos entre os cedaeanos e a população. Além do MP, também foram protocoladas ações no Ministério Público Federal e OAB/RJ contestando a proposta de privatização e em defesa de uma Cedae estatal, pública e indivisível.

Uma comissão formada pelo presidente do Sintsama, Humberto Lemos, e outros representantes dos trabalhadores do saneamento básico foi recebida pelo Procurador-Geral do estado, Leonardo Espíndola, que se colocou à disposição dos cedaeanos e da sociedade para tratar da questão da privatização. Também participaram procuradores representantes de todas as seções do Ministério Público. O Procurador disse que vai se posicionar em todos os processos que tenham relação com a privatização da Cedae.

A comissão contestou os valores da garantia e os procedimentos adotados na Alerj. O valor de mais de R$ 3,5 bilhões que seria pago pela Cedae foi duramente contestado, pois apenas a estação de Guandu valeria cinco vezes mais. O grupo marcou também uma agenda com a OAB estadual para tratar da questão.

Por Marcos Pereira, jornalista do Sintsama-RJ

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