PUC-SP relembra invasão militar que sofreu em 1977 para derrotar repressão ao pensamento

Publicado 19/09/2017
Com objetivo de lembrar a violenta invasão em seu campus no dia 22 de setembro de 1977, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) realiza uma extensa programação nesta semana. Nesse ano ocorria a reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE), desarticulada em 1968 pela ditadura fascista (1964-1985).
Para Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a programação em memória dos mortos na invasão é “acima de tudo é um ato de resistência”.
Porque, diz ela, “evidenciar atos de crueldade da ditadura implantada em 1964 acaba sendo um ato educativo. Elucida os desmandos cometidos e a violência contra quem pensava diferente deles. Não é exatamente o que estamos vivendo hoje?”
Comandados pelo coronel Erasmo Dias – um dos maiores defensores da linha mais dura do regime da época – três mil policiais civis e militares invadiram o campus da universidade no bairro de Perdizes na capital paulista.
Os repressores utilizaram excessiva brutalidade, jogando bombas, batendo e prendendo os estudantes com muita raiva, exatamente porque no dia anterior à invasão, os universitários do país todo tentaram realizar o 3º Encontro Nacional dos Estudantes e foram também violentamente impedidos.
Assista o vídeo 40 anos da invasão da PUC-SP, de José Arbex Jr.
A operação militar resultou na prisão de 700 estudantes, vários feridos e cinco mortes. Entre os presos, 37 foram enquadrados na famigerada Lei de Segurança Nacional. Por isso, a universidade realiza nesta semana uma série de atividades para refletir sobre os acontecimentos passados e presentes com palestras, debates e atividades culturais.
A ideia norteadora do evento é a diplomação dos cinco estudantes mortos na repressão. Justamente na sexta-feira (22), as famílias de Carlos Eduardo Fleury, José Wilson Lessa Sabbag, Maria Augusta Thomas, Cilon Cunha Brum e Luiz Almeida Araújo (os corpos desses dois últimos nunca foram encontrados) receberão os diplomas de seus entes queridos como forma de denunciar o crime cometido contra toda uma geração.
Assista reportgem da TVT sobre o evento
Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP diz à Rede Brasil Atual que no dia do aniversário da violência (sexta-feira, 22) “vamos fazer uma invasão aqui também. Vai ser uma invasão cultural, com música, depoimentos, manifestações culturais das mais diversas. Vamos tomar conta do espaço relembrando aquele momento, mas também colocando as questões atuais”.
“Muito importante essa atitude. Essa semana nos chama para resistir ao golpe que enfrentamos em pleno século 21”, afirma secretária cetebista. Para ela, é “inconcebível a violência para impedir a organização da sociedade civil”.
Acompanhe a programação pela página do Facebook do envento aqui.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy