Por 7 votos a 4, STF declara Moro um juiz parcial na condenação de Lula

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta quarta-feira (23) o julgamento que reconheceu a competência da Segunda Turma da Corte para declarar parcial o ex-juiz Sergio Moro na condenação do ex-presidente Luiz Inácio da Silva no caso do triplex no Guarujá.

A maioria a favor de Lula já havia sido formada antes, mas o julgamento só foi concluído nesta quarta. A decisão inocenta o ex-presidente e é uma reparação tardia de uma injustiça que abriu caminho para a eleição de Jair Bolsonaro e está custando muito caro ao Brasil, que já superou a marca dos 505 mil mortos por covid em função da política sanitária genocida e corrupta do governo.

Um agente dos EUA

Moro e a Operação Lava Jata, que como está hoje tão desmoralizada quanto ele, agiram em sintonia com os interesses dos EUA e já não restam dúvidas de que foram instruídos pela inteligência estadunidense. Aliás, Moro foi premiado por uma multinacional norte-americana da qual é hoje sócio e funcionário.

As relações ilegais entre a Lava Jato e o FBI datam praticamente do início da operação e tiveram papel central no golpe de Estado de 2016, que afastou Dilma e levou Temer à Presidência da República, assim como na eleição de Jair Bolsonaro em 2018, viabilizada pela prisão de Lula e auxiliada pela divulgação das delações de Palocci. Moro foi, à época, recompensado com o Ministério da Justiça.   

Com a cumplicidade da mídia burguesa e da Globo em especial este crime escandaloso tem sido obscurecido e invisibilizado. Não é do interesse dos meios de comunicação hegemônicos, que participaram ativamente do golpe de 2016, investigar as relações perigosas da Lava Jato com o imperialismo americano.

Deltan queria embolsar R$ 2,5 bilhões

Os procuradores liderados por Deltan Dallagnol, que parecia um bom mocinho no combate à corrupção mas sempre almejou um enriquecimento fácil e ilícito, queriam embolsar R$ 2,5 bilhões dos acordos ilegalmente firmados com autoridades estadunidenses, relativos a multas aplicadas à Petrobras. Foram impedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, em março do ano passado.       

Os acordos ilícitos da Lava Jato com os Estados Unidos foram profundamente nocivos aos interesses nacionais do Brasil. A operação enfraqueceu e destruiu multinacionais brasileiras, principalmente nos ramos de petróleo e gás (Petrobras) e construção, com destaque para a Odebrecht. Os impactos sobre o PIB não foram pequenas.

Contribuição de 2,5% para queda do PIB

“Consultorias como GO Associados e Tendências, por exemplo, calculam algo em torno de 2 a 2,5% de contribuição (da Lava Jato) nas retrações do PIB de 2015 e 2016 respectivamente, em função dos impactos nos setores metalomecânico, naval, construção civil e engenharia pesada cujas perdas podem totalizar até R$ 142 bilhões”, observaram os economistas Luiz Fernando de Paula e Rafael Moura. Mais de 1 milhão de postos de trabalho foram sacrificados.

“Os principais efeitos da crise”, asseveram em artigo no jornal Valor, “se concentraram na indústria de construção civil, sofrendo com a paralisia resultante da retração aguda dos investimentos estatais pelos efeitos da Lava-Jato. Os indicadores são impressionantes: entre 2014 e 2017, o setor registrou saldo negativo entre contratações e demissões de 991.734 vagas formais (com preponderância na região Sudeste); entre 2014 e 2016, representou 1.115.223 dos 5.110.284 (ou 21,8%) da perda total de postos da população ocupada no período.”

Lucro maior

A realidade é muito diferente da imagem graciosa que a Lava Jato criou e cultiva com a cumplicidade da mídia hegemônica.

No final das contas, os EUA, que forneceram a inteligência da operação golpista, foram os seus principais beneficiários. O lucro maior veio com a mudança radical da política externa. Com a sucessão de golpes na América Latina (Honduras, em 2009, Paraguai em 2012, Brasil em 2016, Bolívia em 2019), o imperialismo logrou reverter a mudança geopolítica que estava em curso na região e recuperou sua hegemonia política, apesar do irresistível declínio econômico.

Desde Michel Temer, com José Serra e depois com o também tucano Aloysio Nunes, verifica-se a reviravolta das orientações do Itamaraty em consonância com a estratégia geopolítica de Washington. A eleição de Jair Bolsonaro foi o coroamento do golpe para os Estados Unidos. O presidente eleito em 2018 sentou definitivamente no colo do Tio Sam e soma com ele no coro reacionário e racista contra a China, que é a maior parceira comercial do Brasil.

O verdadeiro legado da Lava Jato é um crime de lesa-pátria que, embora encoberto e invisibilizado pelos monopólios midiáticos, já está registrado como um capítulo indigno da nossa história e merece castigo. A operação inicialmente vendida como o maior caso de combate à corrupção do Brasil terminou seus dias com a fama de maior escândalo judicial da história. A decisão do STF nesta quarta-feira (23), malgrado a frustração de ministros lavajatistas (como Barroso e Fux), foi a pá de cal.

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