Oposição aponta a responsabilidade de Jair Bolsonaro no bárbaro assassinato de tesoureiro do PT

Publicado 11/07/2022 - Atualizado 11/07/2022
Os deputados federais Zeca Dirceu (PT-PR) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) cobraram a responsabilização do presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo assassinato do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda. Ele foi morto a tiros pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho durante sua festa de aniversário, cujo tema remetia ao partido petista. Em vídeo publicado no Twitter, Dirceu afirma que “o Judiciário e o Supremo Tribunal Federal [STF] têm que tomar providências mais duras contra Bolsonaro e contra os seus que fazem atitudes insanas como essa”. Ele responsabilizou Bolsonaro por estar “estimulando.
Partidos da oposição que compõem o Movimento Juntos Pelo Brasil também divulgaram nota em que apontam a responsabilidade de Bolsonaro.
Covardia
A reação de Jair Bolsonaro ao assassinato político do líder petista em Foz do Iguaçu (PR) Marcelo Arruda, covardemente morto por um de seus apoiadores, mostra toda a covardia e falta de caráter do atual presidente, segundo dirigentes do PT.
Bolsonaro só se manifestou sobre o episódio quase 24 horas depois do crime. E o fez com dois objetivos inaceitáveis: fingir que não tem relação com o crime e posar de vítima.
Já era noite de domingo (10) quando Bolsonaro publicou no Twitter a reprodução de uma mensagem de quatro anos atrás, que se inicia com a cínica frase: “Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores”.
O atual presidente ainda mencionou “caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 horas por dia”, além de tentar relacionar atos violentos à oposição.
Motor do bolsonarismo
Bolsonaro pode tentar o quanto quiser, mas o assassinato cometido pelo agente penitenciário Jorge José Guaranho é resultado do discurso de ódio e da postura violenta que o ex-capitão, há décadas, pratica e estimula em seus seguidores.
A violência é o motor do bolsonarismo desde sempre. Basta lembrar que o início da vida pública do ex-capitão se dá em 1988, com o planejamento de atentados a bomba no Rio de Janeiro.
Desde então, Bolsonaro afirmou, só para lembrar alguns exemplos, que “o erro ditadura foi torturar e não matar”; pregou “fuzilar a petralhada”, durante a campanha eleitoral de 2018; e teve descobertas ao menos três agressões físicas contra mulheres.
O estímulo à violência prosseguiu durante o mandato presidencial. Na gestão de Bolsonaro, em apenas três anos, o número de novas armas de caça registradas por ano quase quadruplicou, ao mesmo tempo em que aumentaram espantosamente também os clubes de tiros.
Além disso, Bolsonaro a todo momento sugere que seus apoiadores estejam prontos para atacar as instituições (como ao colocar parte da população contra o STF no 7 de Setembro), e os adversários políticos.
Na última quinta-feira (7), durante live na internet, fez uma declaração que, claramente, não busca apaziguar o processo eleitoral: “Você sabe o que está em jogo, você sabe como deve se preparar. Não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada. Nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.

Violência plantada pro Bolsonaro
Agora, depois de tanto defender o uso da violência para impor sua visão política ou atacar seus adversários, Bolsonaro assiste a um de seus apoiadores invadir uma festa de aniversário e assassinar a tiros um líder do PT, na frente da família.
O assassino, está comprovado, é um dos que ouvem, admiram e seguem o que o atual presidente diz, a ponto de postar, orgulhoso, nas redes sociais, foto ao lado de um de seus filhos, Eduardo (foto acima).
Mesmo assim, Bolsonaro tenta se afastar do crime e insinua que é vítima de mentiras. Não adianta. O Brasil sabe que o mentiroso é Bolsonaro. E sabe também que é ele quem planta, diariamente, a violência que tirou a vida de Marcelo Arruda.
Os brasileiros se livrarão, nas urnas, de Bolsonaro, que depóis terá de se ver com a Justiça. Assim como o bolsonarista assassino que tirou a vida de Marcelo Arruda, mais uma vítima da violência política estimulada pela extrema direita, ao lado de Marielle Franco, Anderson Gomes e dezenas de outros. Basta.
Leia abaixo a nota divulgada pelos partidos de oposição que compõem o Movimento Juntos Pelo Brasil sobre o bárbaro crime:
O assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda por um fanático bolsonarista, neste fim de semana em Foz do Iguaçu, é o mais recente e trágico episódio de uma escalda de violência política em nosso país, criminosamente estimulada pelas atitudes e pelo discurso de ódio do atual presidente da República contra todos que dele divergem ou lhe fazem oposição.
Desde a execução a tiros de Marielle e Anderson, em março de 2018, agentes da extrema-direita, milicianos e terroristas vêm cometendo uma série de violências praticamente impunes: os tiros contra a caravana de Lula no Sul, o assassinato por bolsonaristas do mestre capoeirista Moa do Katendê, na Bahia, e do idoso Antônio Carlos Furtado, em Santa Catarina.
Nos últimos 30 dias, extremistas de direita usaram um drone para lançar veneno agrícola sobre o público de um ato político do ex-presidente Lula, em Uberlândia, e lançaram uma bomba contra o público em outro ato no Rio de Janeiro. Também foram alvos de violência o juiz federal que havia determinado a prisão de um ex-ministro do governo Bolsonaro e a redação do jornal Folha de S. Paulo, alvejada por um tiro.
Diante dessa escalada, os partidos que compõem o Movimento Juntos Pelo Brasil vão apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral um Memorial da Violência Política contra a Oposição no Brasil. Entendemos que cabe ao TSE, bem como ao Supremo Tribunal Federal e às autoridades responsáveis pela segurança pública tomar inciativas que garantam eleições livres e pacíficas, coibindo agressões e violência, como as que o bolsonarismo vem praticando.
O assassinato de Marcelo é um crime político, contra a liberdade de opinião e os direitos humanos, e como tal deve ser tratado – desde a investigação até o julgamento final. Por esta razão, estamos nomeando um assistente de acusação para atuar em apoio à família e peticionando à Procuradoria-Geral da República para se manifestar junto ao Superior Tribunal de Justiça pela federalização das investigações.
A violência política é inimiga da democracia, dos direitos humanos, da liberdade de expressão e de organização. No Brasil, os incentivadores e agentes do ódio são conhecidos e respondem a um chefe que tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro. É diante de sua escalada autoritária e violenta que a sociedade brasileira e as instituições devem se manifestar com toda firmeza, em defesa do Brasil e da democracia.
Mais do que nunca, o Brasil precisa de paz.
São Paulo, 11 de julho de 2022
Movimento Vamos Juntos pelo Brasil – PCdoB, PSB, PSOL, PT, PV, Rede, Solidariedade
Com informações do PT e Poder 360