O silêncio eloquente de Mauro Cid na CPI Mista do Congresso que investiga atos golpistas

Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilPalácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília | Crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom Agência Brasil

“Permanecerei em silêncio”. Este foi o bordão usado pelo tenente coronel Mauro Cid, o braço direito do fascista Bolsonaro, em resposta às perguntas formuladas pelos parlamentares durante a CPI Mista dos atos golpistas nesta terça-feira (11) em Brasília.

O militar, que compareceu fardado à sessão da CPI, está preso no Distrito Federal por determinação do ministro Alexandre Moraes acusado de fraudar carteiras de vacinação – inclusive a de Jair Bolsonaro. Nos celulares do ex-ajudante de ordens do líder fascista foram encontrados e apreendidos inúmeros indícios e provas de crimes, que deram origem a oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Intimidade com Bolsonaro

Homem de confiança do ex-presidente, ele tinha uma função estratégica e esteve envolvido em todos ou quase todos os escândalos que cercam o Clã Bolsonaro, cabendo destacar o caso da rachadinha dentro do Palácio do Planalto para bancar despesas de familiares do Jair; a tentativa de apropriação indébita das joias sauditas; participação nas milícias digitais e um minucioso plano golpista que previa a instalação de um estado de sítio, intervenção no TSE, mas que no fim das contas desaguou na empreitada mal sucedida do 8 de janeiro.

Ninguém era mais próximo de Jair Bolsonaro do que Mauro Cid. São muitos os sinais de que os crimes que cometeu foi em parceria com Bolsonaro e por determinação do ex-presidente, que aparentemente abandonou o ex-ajudante de ordens e, com a cara de pau que lhe é característica, faz de conta que nada teve a ver com os movimentos golpistas e o 8 de janeiro.  

Delação premiada?

Conforme notou um parlamentar, “onde havia um mal feito do Bolsonaro lá estava Mauro Cid”. Os bolsonaristas presentes na sessão da Comissão nesta terça tentaram tumultuar a sessão, com destaque para as encenações e provocações bizarras do deputado Abílio Jacques Brunini (PL-MT), que destilou inclusive ódio homofóbico contra a deputada Herika Hilton (Psol-SP)

O deputado Mauro Cid virou o bode expiatório do chefe maior do golpismo no Brasil. Mas, o seu silêncio, embora misterioso, parece eloquente. O fato de ter se apresentado à CPI como um subordinado que cumpria ordens (um soldado do líder fascista) e a substituição de seus advogados em maio, com a contratação de especialistas em delações premiadas, foram percebidos como sinais de que o tenente coronel não vai ficar calado por toda a eternidade.

Quando seu braço direito abrir o bico Bolsonaro ficará mais exposto e maios próximo do Complexo Penitenciário da Papuda.

Foto: Fatima Meira

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