O crescimento das queimadas na Amazônia

October 2, 2018. Flight from Porto Velho to Rio Branco (Brazil) Aerial views of Amazon rainforest, fires and deforestation. A team from Greenpeace navigated 1065km by boat through the central Amazon, via the rivers Amazonas, Rio Preto do Pantaleão, Maués-Açu, Parauari, Paraná do Ramos and Urubu, to document landscaped and meet the communities and indigenous inhabitants that could be affected by a possible oil exploration and gas in the region in which land blocks will be auctioned by the Brazilian government starting in November. The Greenpeace team discovered that the communities and indigenous populations that should have been consulted about this potential exploration were not informed by the proper government agencies. Additionally, the team found sensitive forest areas that already suffer from their historic menaces of large cattle ranches, mining and logging. Photo by Daniel Beltra for Greenpeace

Por Altamiro Borges

Números consolidados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados pela ‘Época’, apontam que o índice de queimadas na Amazônia teve o pior junho desde 2007. Foram registrados por satélites 2.248 focos de incêndio de 1º a 30 de junho, um aumento de 19,5% em relação ao mesmo período em 2019. 

Conforme enfatiza a revista, “a queima recorde da floresta já vinha sendo alertada por ONGs e especialistas e coincide com o desmatamento acelerado em meio à pandemia de Covid-19… ONGs têm acusado o governo de sabotagem contra fiscalizações” e de esvaziamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). 

“Passando a boiada” da devastação

Na prática, o laranjal de Bolsonaro segue a orientação do sinistro Ricardo Salles dada na esbórnia ministerial de 22 de abril. Na ocasião, o milionário desmatador sugeriu que o governo aproveitasse as atenções da mídia voltadas para a crise da Covid para “passar a boiada” na desregulamentação ambiental. 

Segundo uma nota técnica divulgada em junho pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), com base em dados de satélite do Inpe, havia 4.509 km² de floresta a serem queimadas na região Norte nos próximos meses, o equivalente a três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. 

Desta área, 661 km² foram derrubados entre janeiro e maio deste ano. Os 3.848 km² restantes referem-se à floresta desmatada em 2019, mas que ainda não foi queimada. O Instituto prevê que o  número dobre até fim de julho. Ou seja, o Brasil pode ter 9 mil km² de florestas prontas para serem incendiadas neste período. 

Covid e problemas respiratórios
Especialistas também alertam que o crescimento de queimadas no momento em que o país sofre com a Covid-19 pode gerar uma tempestade perfeita na região Norte. No ano passado, o fogo provocou uma corrida a hospitais em estados como Roraima e Acre, devido a problemas respiratórios causados pela fumaça. 

A revista Época ainda inclui um estudo da Universidade Harvard (EUA) que concluiu que a exposição à poluição pode elevar a letalidade da Covid-19. “Além disso, os efeitos da queimada na saúde proporcionariam, por si só, um aumento no número de pessoas em hospitais” da região que já estão superlotados. 

A presença inócua dos militares na região
No mesmo rumo, a Folha publicou nesta quarta-feira (1) matéria confirmando que a “Amazônia teve o maior número de queimadas dos últimos 13 anos” no mês passado. Segundo a reportagem, “a soma dos focos de incêndio computados até dia 20 de junho já havia sinalizado um recorde desde 2007”. 

“Com o início da temporada seca na Amazônia, junho acende sinal amarelo sobre uma tendência que deve se agravar nos próximos meses”, alerta o jornal. Já Mauricio Voivodic, diretor da ONG WWF no Brasil, prevê uma nova catástrofe. “Não podemos permitir que a situação de 2019 se repita, em que por falta de comando e controle do governo foi possível haver o Dia do Fogo no sul do Pará”. 

A Folha ainda realça que o uso das Forças Armadas no combate ao desmatamento, autorizado em maio pelo “capetão” Bolsonaro, não trouxe qualquer resultado positivo. Parece pura pirotecnia. “No primeiro mês de operação, o desmatamento ainda foi 12% superior a maio de 2019”.

Fonte: Blog do Miro

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