Mulheres debatem mercado e saúde no 1º Encontro da Profissional Universitária

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A CTB participou na última terça-feira (15) do 1º Encontro da Profissional Universitária, convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU).

A iniciativa, promovida pelo Coletivo de Mulheres, reuniu de profissionais de diversas das categorias de todo o Brasil, para debater a participação feminina no mercado de trabalho, na política e saúde.

Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da CNTU, saudou a iniciativa como uma busca por tornar cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas a inclusão e igualdade. Na sua concepção, “quando defendemos os direitos das mulheres, estamos defendendo todos os cidadãos”. Assim, ressaltou, “essa é uma responsabilidade de toda a sociedade”.

Coordenado e capitaneado por Gilda Almeida, vice-presidente da CNTU e secretária adjunta de Finanças da CTB, o encontro foi considerado um sucesso pelas participantes, que vieram de várias regiões do Estado. “Foi um encontro vitorioso, em razão da massiva participação e da quantidade de informações que trouxe para as trabalhadoras. Foi uma experiência muito rica”, destacou Gilda Almeida, que foi parabenizada durante o evento.

Na mesa de abertura, a CTB foi representada por Raimunda Gomes, secretária de Imprensa e Comunicação, que destacou a relevância da discussão rumo ao avanço da pauta defendida. “Essa pauta que defendemos não é nossa, é de toda a sociedade, a exemplo do PL da Igualdade, (PL 6358 de 2009), que versa sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres e está parada no Congresso Nacional”, afirmou Raimunda ao completar: “Porque todas as vezes que as mulheres encampam uma bandeira e ela é vitoriosa ganhamos uma sociedade mais consciente e emancipada”.

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Mercado de trabalho

Apesar de ser a maioria da população brasileira (52%), as mulheres ainda enfrentam muitas dificuldades do mercado de trabalho, salários menores, dificuldades de assumir postos de comando como alertou a pesquisadora do Dieese (departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), Patrícia Lino.

A economista apresentou um panorama das diferenças salariais e da participação feminina em algumas categorias ditas masculinas, que estão ligadas ao empoderamento no trabalho. “Por que quando é para organizar e administrar somos boas, agora quando é para comandar escolhem os homens?”, questionou a especialistas que mostrou em números o machismo presente no mercado de trabalho.

Para Patrícia as mulheres só conseguirão mudar essa situação através das convenções coletivas. “A gente tem que mudar essa situação e a Convenção Coletiva é um caminho. .Porque se não participarmos e fizermos a diferença nada mudará. Nossa conversa não é de mulher para mulher, mas, sim, de mulher junto com o homem. Só assim mudaremos algo”, ressaltou.

Empoderamento feminino

Opinião compartilhada por Muna Zeyn, chefe de gabinete da deputada federal Luiza Erundina. “para ela mulheres e homens devem ser respeitados”.

Para Muna as trabalhadoras devem se preparar para mudar a cara da política brasileira. “Temos que nos preparar para uma luta política. Porque nossa participação é ridícula, a exemplo do Senado, somos apenas 12 mulheres”, afirmou a assistente social.

De acordo com a palestrante, os números refletem a situação de desigualdade enfrentada pelas mulheres dentro dos partidos e campanhas eleitorais. “Destinam altas verbas para a candidatura de homens, enquanto algumas mulheres, sem apoio ou dinheiro, ficam na invisibilidade”, salientou ao afirmar que é mentira que mulher não vota em mulher.

Dona de seu corpo

Parte da discussão que trava-se na sociedade atualmente diz respeito à mulher e o direito ao seu corpo.
Nesse sentido a pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e secretária executiva da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Clair Castilhos, fez uma brilhante exposição sobre a situação da saúde da mulher.

Na opinião da farmacêutica a mulher vem enfrentando ao longo dos anos um cenário de dominação, controle e pressão imposta pela sociedade, que joga sobre os seus ombros as responsabilidades, inclusive pela família.

“Nós mulheres somos 50% da população e mãe dos outros 50%”, ao lembrar da responsabilidade imputada às mulheres. “É muita carga por isso adoecemos”.

Clair citou os programas criados para a saúde das mulheres iniciados com o Materno Infantil, que segundo a pesquisadora, foi uma espécie do controle de natalidade.

“O último programa chamado de Rede Cegonha é um atraso porque promove uma espécie de controle. Então voltamos a 1983. Não podemos aceitar esse retrocesso”, reforçou a especialista ao lembrar que grande parte dos adoecimentos e mortes de mulheres estão ligadas à pobreza, ao trabalho, ao parto e ao aborto.

A farmacêutica também destacou o problema da descriminalização do aborto, que enfrenta grande resistência na sociedade e nos fundamentalistas.

“Infelizmente o Brasil está a mercê de uma sociedade que se nega a debater abertamente o aborto, de uma imprensa que se cala e de políticos oportunistas que usam a fé religiosa para regimentar eleitores”.

O Brasil é um estado laico e deve ser orientado pela Constituinte, não por qualquer moral religiosa. E o aborto é uma questão de saúde pública e de autonomia das mulheres sobre seus corpos, não é questão de estado!”, declarou.

Em defesa da igualdade

Ao final às participantes contribuíram com propostas e aclamaram a Carta do Encontro em defesa da Igualdade e da Plena emancipação feminina.

Gilda Almeida agradeceu às participantes e prometeu incorporar as propostas ao documento que será divulgado o mais breve possível. “Vamos conseguir mudar muita coisa se incorporarmos em nossa vida todas as propostas advindas desse debate”. 

O encontro foi encerrado pelo presidente da CNTU. “Quem tem que agradecer somos nós. Obrigado pela participação e pelo rico debate travado aqui. Vocês estão de parabéns”, afirmou Murilo Pinheiro, convidando as participantes para o coquetel de encerramento.

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Cinthia Ribas – Portal CTB

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