CTB defende democracia, sindicatos fortes, valorização do trabalho e do salário no FSM

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) defendeu no Fórum Social Mundial, realizado esta semana em Porto Alegre (RS), a valorização do trabalho como “pilar fundamental” para a reconstrução de uma sociedade brasileira mais justa.

A mensagem da entidade foi levada à mesa de debate “Sindicalismo, Trabalho Decente, Trabalho Igual, Salário Igual” pelo secretário de Relações Internacionais da entidade, Nivaldo Santana, diante do secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho, Gilberto Carvalho. Segundo o dirigente, apesar do “ambiente favorável” com o novo governo Lula, a reconstrução e a transformação nacional serão uma “grande tarefa”.

“Nós precisamos de uma política permanente de valorização do salário mínimo, que reponha as perdas inflacionárias e também incorpore aumento real, para que ele consiga atender às necessidades dos trabalhadores e suas famílias. Nós precisamos combater a precarização do trabalho, produto fundamentalmente das reformas trabalhistas. Nós defendemos a regulamentação do trabalho que atenda a todos os direitos consagrados na CLT e na Constituição. Também temos que colocar na agenda o fim da terceirização irrestrita, que foi aprovada também no governo Temer e agravada no governo Bolsonaro. […] Defendemos principalmente a valorização de empregos de qualidade, com salários decentes, igualdade de salários entre homens e mulheres e combate incisivo à precarização do trabalho”, reforçou o dirigente.

Em sua fala, Nivaldo ressaltou ainda a defesa da CTB pela democracia, pelo desenvolvimento e pela soberania do país por meio do fortalecimento do sindicalismo. “Para ter desenvolvimento, para ter democracia e para ter valorização do trabalho, nós precisamos de sindicatos fortes. Por isso, é fundamental nós recuperarmos a capacidade de financiamento solidário dos sindicatos. Nós precisamos combater a fragmentação e lutar por sindicatos fortes e representativos”, enfatizou o secretário da CTB.

Membro da comissão organizadora do FSM 2023, o secretário adjunto de Políticas Sociais e Movimentos Sociais da CTB, Carlos Rogério Nunes, classificou os debates realizados no evento como “muito ricos”. “Pela conjuntura que nós vivemos, com o início do governo Lula, a palavra mais importante desse fórum é esperança. São direitos que nós temos a esperança de que sejam readquiridos, tais como os direitos ao trabalho e à renda digna, direitos das mulheres, dos povos indígenas e da população LGBTQIA+ e o combate à discriminação racial”, atestou.

Na avaliação do presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, o fórum cumpriu o seu papel estratégico “muito importante”. “Aqui se reuniram pessoas de vários estados e do exterior, em que foram debatidas questões inerentes a esse novo ciclo que nós estamos vivendo no Brasil e no mundo. Particularmente, as questões nacionais foram destaque. A vitória de Lula foi avaliada como extraordinária, do ponto de vista do povo brasileiro e da classe trabalhadora. Nos dá uma perspectiva da retomada do desenvolvimento econômico, da geração de emprego e da reversão do processo de precarização provocado pelas reformas trabalhista e da Previdência. A nossa análise é extremamente positiva”, salientou.

Além das discussões indoor, como parte do FSM, a já tradicional Marcha da Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta reuniu mais de 3 mil ativistas, que tomaram as ruas do centro histórico de Porto Alegre. Animados pela bateria da CTB, os manifestantes levaram ao cortejo as mais diversas bandeiras, a exemplo dos direitos das mulheres, visibilidade LGBTQIA+, trabalhadores rurais, indígenas, movimento negro e Fórum Palestina Livre.