Cidades se preparam para receber a Copa do Mundo 2014

Publicado 12/06/2014
No Brasil todo só se fala em Copa do Mundo. E as cidades/sedes já se preparam para receber o mundial e os turistas. Obras, reformas e construções foram aceleradas para que estejam prontas a partir no dia 12 de junho, quando acontece a abertura do evento, na Arena Corinthians, o Itaquerão, na zona leste.
No entanto, apesar das melhorias em infraestrutura, que deixará um legado inegável, cidadãos se incomodam com o lado negativo de toda essa transformação. Saiba como a Copa do Mundo afetou a rotinas dos moradores de Belo Horizonte, de Salvador, de São Paulo e do Rio de Janeiro:
Belo Horizonte investe em obras
Belo Horizonte vai sediar seis jogos da Copa do Mundo de Futebol. Considerada a sede do Mundial que mais se destacou na Copa das Confederações, no ano passado, Belo Horizonte também foi uma das primeiras cidades-sede a concluir as obras de reforma e ampliação do estádio para a Copa. Com capacidade para 64 mil espectadores, o Mineirão recebeu investimentos de R$ 695 milhões, sendo R$ 400 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Além da reforma e ampliação do Mineirão, Belo Horizonte também vem passando por uma série de intervenções para a Copa, como obras de mobilidade urbana, que incluem a implantação de Bus Rapid Transit (BRT) em três vias, uma central de monitoramento e um corredor exclusivo de ônibus; e reforma e ampliação do Aeroporto Internacional, localizado no município de Confins, na Região Metropolitana.
No entanto, com o atraso das obras, apenas duas linhas de BRTs ficaram prontas e entraram em operação parcialmente. As obras do Aeroporto de Confins também não foram concluídas. O Terminal 3, que está sendo construído para ampliar a capacidade anual do aeroporto em 5,3 milhões de passageiros, que deveria ter ficado pronto em abril de 2014 e teve o prazo adiado para maio, somente deverá ser entregue após a Copa.
Comércio aquecido em Salvador
A expectativa para o início da Copa do Mundo de Futebol da Fifa é muito grande em Salvador, que vai receber mais de 700 mil turistas nacionais e estrangeiros durante o evento. Os visitantes devem gastar cerca de R$ 800 milhões na capital baiana, o que é muito bom para a cidade, que tem no comércio e no turismo suas principais atividades econômicas.
Mas, não será apenas a realização de seis jogos que vai movimentar a cidade durante o mundial. A Fan Fest de Salvador terá 15 dias de festa em um palco montado no Farol da Barra, um dos seus principais pontos turísticos. O evento começa no dia 12 de junho, data do jogo de abertura da Copa, e terá mais de 30 atrações. Será um verdadeiro carnaval no meio do ano.
O clima do mundial já começou a mudar a rotina da cidade desde o dia 3 de junho, com a chegada da seleção da Croácia, que está hospedada em resort do município de Mata de São João, na Região Metropolitana. A expectativa agora é que os jogos comecem e que a visibilidade alcançada com a Copa traga muitos outros investimentos para Salvador.
Obras intermináveis cortam o Rio
A final da Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016 colocaram o Rio de Janeiro no centro de um grande projeto de intervenção urbana para receber os dois eventos. Intervenção que, diga-se de passagem, era inegavelmente necessária no sentido que a cidade já não dava resposta para seu próprio crescimento, mas que, no entanto, foi alvo de críticas pelo viés dado pelo projeto político da Prefeitura e do Governo do Estado.
Apesar de obras como os novos ônibus BRTs, que cortam a zona oeste e ligam a região ao Aeroporto Internacional, a mobilidade urbana ainda é um dos focos de descontentamento popular com os legados do evento: o projeto de expansão do Metrô não vingou e sofreu muitas críticaspela mudança do traçado original e a nova licitação de ônibus pouco mudou na vida do cidadão carioca.
A reforma do Maracanã, no entanto, talvez tenha sido o ponto mais polêmico nas intervenções da cidade. Com um custo contestado por diversos setores, a obra ainda gerou reação da população ao colocar em risco a existência de outros parques esportivos do complexo, da ocupação conhecida como “Aldeia Maracanã” e de uma escola municipal.
A política de remoções do governo municipal careceu de diálogo com a população e demonstrou a truculência com a qual o poder público lida com a população tornando emblemáticos os casos da favela do Metrô-Mangueira e da Vila Autódromo. Em suma, apesar da implementação de medidas que vão ter impacto na cidade como os BRTs e a ampliação da malha hoteleira, do Aeroporto Internacional e outros projetos pontuais, a falta de diálogo do poder público com a sociedade civil acabou por fazer com que a mesma rechaçasse o projeto de cidade apresentado e lançou um clima de descrédito em relação ao impacto positivo que os legados dos eventos podem trazer para a cidade.
Em São Paulo tem protesto? Tem, sim, senhor
Em São Paulo, com a aproximação do Mundial, da Arena Corinthians, popularmente conhecido como Itaquerão, virou palco de protestos (quase que diários), promovidos por diversas entidades populares e sindicais.
As cobranças vão desde soluções para a falta de moradia na cidade, convocada pelo Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST); até policiais militares reivindicando reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Além de solução para o problema de moradia, as entidades cobram investimentos em segurança, saúde pública e mais investimentos.
Problemas seculares que afetam a vida dos moradores de São Paulo.
No ponto de vista dos moradores da região, considerada periferia, a Arena trouxe o desenvolvimento para as redondezas. Pontes, viadutos e avenidas foram construídos ou expandidos para facilitar o acesso dos torcedores ao Estádio. Assim, surgiu uma nova paisagem nas redondezas.
Para os moradores habituados a conviver com o esquecimento do poder público, a Copa trouxe um novo fôlego e a promessa de um bairro melhor e mais valorizado.
Portal CTB colaboração dos estados