Número de mortos pela covid-19 ultrapassa 68 mil

Publicado 09/07/2020
As mortes provocadas pela covid-19 somam 68.089 nesta quinta-feira (9), de acordo com dados das secretarias estaduais de Saúde. Casos confirmados são 1.719.660. Segundo muitos especialistas, o número real deve ser pelo menos seis vezes maior em função da falta de testes e consequente subnotificação.
Na quarta-feira (8) à noite o balanço das secretarias indicava 1.187 novos óbitos em 24 horas.
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Nosso país segue firme na posição de segundo com mais vítimas em todo o globo. Só perdemos neste ranking para os EUA (hoje com mais de 130 mil óbitos e 3 milhões infectados). A pandemia continua avançando e ceifando vidas. No mundo já são mais de meio milhão de vidas perdidas.
A responsabilidade do governo
A tragédia brasileira não ocorre por acaso e nem é uma fatalidade histórica. É, em grande medida, o produto da política irresponsável e irracional do governo Bolsonaro na abordagem do problema.
O presidente não enxergou a gravidade da pandemia, classificando-a como uma mera “gripezinha”. Declarou guerra ao isolamento social e confrontou governadores. Esbravejou contra o STF. Mas nada fez para contornar a crise.
Afinal, ele próprio contraiu a doença, mas em vez de tomar juízo continua subestimando o vírus e comportando-se de forma inadequada publicamente. Tirou a máscara durante a entrevista em que anunciou ter testado positivo, colocando em risco a saúde e a vida de jornalistas, e insiste no bizarro papel de moleque de propaganda da hidroxicloroquina, uma droga que não é indicada pelos médicos para tratamento da covid-19 e que em geral tem graves efeitos colaterais.
Jair Bolsonaro pode ter contaminado diretamente ao menos 76 pessoas, com as quais esteve cara a cara, por desprezar as orientações sanitárias necessárias para evitar transmitir ou contrair o vírus.
Mortes poderiam ser evitadas
As poucas iniciativas positivas que foram adotadas para combater a crise sanitária e econômica, como o auxílio emergencial de R$ 600,00, vieram muito mais pela pressão das forças e organizações democráticas da sociedade civil, setores do Judiciário e do Congresso Nacional.
As medidas originárias do Palácio do Planalto são, em geral, no sentido de depreciar ainda mais a força de trabalho e privilegiar o capital, como o veto à ultratividade dos acordos e convenções coletivas durante a crise e a imposição da negociação individual entre patrão e empregado, atropelando e reduzindo competência e atribuições dos sindicatos, entre outras.
Se o governo tivesse adotado as providências necessárias para conter a pandemia dezenas de milhares de vidas seriam salvas e a economia estaria em melhor situação. Basta comparar com o que ocorre na China que, apesar de abrigar uma população quase sete vezes maior do que o Brasil, registrou 4.645 óbitos por covid-19 e, apesar de abalada pela crise sanitária, deve fechar 2020 com um PIB maior do que o do ano anterior.
Intervenção unitária do Estado
O sucesso chinês, assim como o fracasso brasileiro, não é obra de um milagre. A razão da diferença é a intervenção firme, unificada e responsável do governo e das instituições do Estado para salvar vidas e proteger o povo. Em poucas palavras, o governo chinês fez o que devia ser feito. Não foi caso único. Outros países, como o Vietnã e a Coreia do Sul, entre outros, também se destacaram neste sentido,
Em contraste, no Brasil, além de agravar sobremaneira a crise sanitária e econômica o presidente Jair Bolsonaro criou conflitos federativos insanos e crises políticas e institucionais recorrentes, imaginando talvez que num ambiente de caos generalizado conseguiria abrir caminho para um golpe militar.
Mas tudo que logrou foi se isolar e estimular a criação de uma ampla frente política e social em defesa da democracia, da vida e pelo Fora Bolsonaro, bandeira que será levantada em todos os estados brasileiros, bem como no Distrito Federal nesta sexta-feira (10), durante a manifestação nacional convocada pelas centrais sindicais e os movimentos sociais.