Bolsonaro defenestra general desmoralizado e põe outro pau mandado no Ministério da Saúde

(Brasília - DF, 16/01/2020) Palavras do General de Divisão, Eduardo Pazuello. Foto: Anderson Riedel/PR

Queiroga já assimilou a lição autoritária: Bolsonaro é quem manda no Ministério da Saúde

“A política é do governo Bolsonaro, não é do ministro da saúde. A saúde executa a política do governo”, disse o médico Marcelo Queiroga ao ser indicado para o Ministério da Saúde em substituição ao general Eduardo Pazuello.

Mudança meia boca

Em reação ao fator Lula e às pesquisas que indicam a crescente rejeição popular ao seu governo, em função da política sanitária genocida que já ceifou quase 300 mil vidas. Bolsonaro não viu outra saída senão a demissão do general Eduardo Pazuello e a mudança meia boca da retórica sobre a vacinação, que sabotou criminosamente, e o uso de máscara.

Ele confirmou nesta terça (16) o médico cardiologista Marcelo Queiroga no lugar de Pazuello no Ministério da Saúde e este já se mostrou submisso ao afirmar que a política da saúde “é do governo de Jair Bolsonaro”, e que compete à pasta apenas executar as ações. Outros dois ministros foram demitidos porque não aceitaram isto, entendendo que antes de mais nada o Ministério da Saúde deve agir em consonância com princípios técnicos e científicos, o que nem de longe corresponde à orientação do atual governo, cuja característica é a negação da ciência e o charlatanismo em matéria de medicina.

“O governo está trabalhando, as políticas públicas estão sendo colocadas em prática. Pazuello já anunciou todo o cronograma da vacinação em entrevista ontem (segunda, 15). A política é do governo Bolsonaro, não é do ministro da saúde. A saúde executa a política do governo”, afirmou Queiroga, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo.

Autoritarismo e grosseria

Antes de Queiroga, o presidente da extrema direita quis indicar a médica Ludhmila Hajjar para a pasta. Mas a profissional, que embora apoie o presidente tem a ciência por guia e defende medidas de isolamento social e negociação para compra de mais vacinas, não aceitou a condição de marionete e rejeitou a oferta depois de uma conversa bilateral em que Bolsonaro, com seu estilo autoritário e grosseiro, teria dito que ela não poderia decretar lockdown no Nordeste porque “vai me fuder e perco a eleição”. Elegantemente, a médica alegou que “não houve convergência técnica entre nós”.

Já o novo ministro disse que pretende dar continuidade ao desastroso trabalho de Pazuello. “Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente para dar continuidade a esse trabalho e vencer essa crise na saúde pública brasileira, que não é só na saúde brasileira, é mundial”, disse.

O resultado do trabalho do general negacionista está à vista de todos: até a tarde desta terça o país somava quase 280 mil mortos registrados por covid-19. O Brasil se transformou no campeão em média diária de óbitos pela pandemia no mundo. O sistema nacional de saúde entrou em colapso. Uma tragédia que tem tem uma só causa: governo Bolsonaro!

Umberto Martins

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