Apagão no Amapá evidencia negligência de multinacional e riscos da privatização

Por Cecy Gonçalves*

Na realidade, o que acontece no Amapá. O estado ainda tem uma empresa de eletricidade, a CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), mas a estatal vem sendo sendo sucateada há muitos anos porque há o interesse de privatizá-la. É uma das poucas companhias estaduais que sobreviveram e que está sofrendo um forte ataque privatista.

Agora, o que aconteceu lá no Amapá não é responsabilidade da CEA. A subestação e as linhas de transmissão que foram afetadas e causaram a queda da energia e o apagão são de uma empresa privada chamada Isoluz, uma empresa espanhola que venceu o leilão em condições privilegiadas.

Esta empresa já teve problemas no Quênia, onde ganhou uma licitação e deixou a obra pela metade, forçando o governo a contratar outra empresa para concluí-la. Eles nunca cumpriram as exigências de segurança.

O que aconteceu lá foi o seguinte: uma subestação privada, da Isolux, que sofreu um acidente metereológico, provavelmente um raio que caiu sobre um transformador, incendiando-o. Eles tinham três transformadores, o segundo estava inoperante desde 2019 e o terceiro tinha vazamento e demandava manutenção desde o ano passado.

Ou seja, um transformador foi danificado, outro inoperante e o último demandando manutenção, caiu na hora em que foi acionado. Só resta uma conclusão. O sistema caiu por absoluta falta de previsão de segurança por parte da empresa privada.

Quem é que está resolvendo o problema? A Eletronorte, uma estatal, companheiros nossos, trabalhadores da Eletronorte estão lá há dias trabalhando para resolver um problema provocado por uma empresa privada, que prejudica mais de 700 mil pessoas.

Então, quando a gente fala “privatizou encareceu e escureceu” é isto que nós queremos dizer, ou seja, a privatização interessa a um grupo restrito de grandes capitalistas mas sacrifica os interesses do povo e é um risco para a sociedade.

A empresa privada é responsável pelo apagão, mas quem sempre é chamado para solucionar o problema é a empresa pública. O mesmo ocorreu no apagão de 2018, resolvido pela Eletrobras. É isto que temos de ter muito claro quando lutamos contra a privatização.

Por isto ficamos indignados quando dizem que a empresa pública não atende a sociedade. Quem não atende a sociedade é a empresa privada, que não se preocupa com a manutenção e segurança, terceiriza, precariza e aumenta o valor das tarifas.

Quem causa problema é a empresa privada e quem soluciona é a empresa pública.

*Funcionária da Eletrosul e diretora do Sinergia de Florianópolis

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