Acuado, Bolsonaro caiu no colo do Centrão para evitar o impeachment

Publicado 24/07/2021 - Atualizado 23/07/2021
Com o Congresso Nacional em recesso a semana política brasileira foi marcada por novos ruídos golpistas e o avanço do Centrão sobre o governo Bolsonaro. Acuado pelos escândalos de corrupção revelados pela CPI da covid, o presidente acabou no colo da coalização partidária costurada pelo fisiologismo, à qual em 2018 o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), se referiu com uma paródia do samba “Reunião de bacana” do célebre Bezerra da Silva. Heleno mudou o refrão, que adverte “se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”.
Mas os tempos mudaram. Em meio à tragédia sanitária, econômica, social, moral e política a rejeição ao chefe do Executivo cresceu substancialmente, a voz rouca das ruas volta a clamar por impeachment e ele busca socorro nos velhos conhecidos do chamado baixo clero da Câmara dos Deputados, ao qual pertenceu durante os muitos anos que por lá esteve.
“Eu sou do Centrão”, confessou Bolsonaro na quinta-feira (23). “Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL”. Ou seja, trata-se de um autêntico trânsfuga, que muda de legenda ao sabor dos interesses pessoais sem se ater a programas partidários, condutas e comportamentos políticos.
As palavras que o líder da extrema direita é constrangido a pronunciar hoje nada têm a ver com a demagogia que propagou sobre “nova política” na campanha eleitoral de 2018. Na ocasião jurou que seu governo não faria indicações de ministros com base em interesses partidários. Chegou a afirmar: “Por isto, nós não integramos o Centrão”.
Mentiu ao povo, cometeu o que se convencionou chamar de estelionato eleitoral. Depois engoliu as palavras e sentou no colo do Centrão. Isto também significa, conforme a CPI da covid está demonstrando, um casamento com a corrupção, que prometeu combater. É outra máscara que cai por terra e vai engordar a legião de bolsomínios arrependidos.
Neste ambiente político degradante a fome cresce no país, o desemprego e o arrocho fustigam a classe trabalhadora e a pandemia segue matando mais de mil brasileiros e brasileiras por dia. A semana deve chegar ao fim com o registro de mais de 550 mil mortes pela covid-19. Centenas de milhares são vítimas do descaso, do negacionismo e de uma política sanitária que além de genocida, agora se sabe, era também uma grande fonte de corrupção associada ao Centrão.
São muitas as razões para inundar as ruas com a indignação popular neste 24 de Julho. A mobilização é crescente. Mais de 400 cidades serão palco de manifestações contra o pior e mais nefasto presidente da história do Brasil.
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