Parceria entre Sinsaúde de Sorocaba e região e MPT destina 181 mil reais e beneficia trabalhadores da saúde e população no tratamento da Covid -19

Por Railídia Carvalho

Na quarta-feira (6) foi realizado pelo Ministério Público do Trabalho de Sorocaba o repasse de 181 mil reais para a Santa Casa de Sorocaba (SP) para o combate ao coronavírus. Os recursos são sobras de multas, de processos judiciais que ficam no órgão que, em um esforço conjunto com o Sindicato da Saúde de Sorocaba e Região (SinSaúde), destinou a verba para a compra de equipamento de proteção individual (EPI) para os trabalhadores da saúde e equipamentos hospitalares da instituição. 

A Santa Casa, indicada pelo Sinsaúde para receber o montante, atende exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS) e atua com mil profissionais. Atuaram na iniciativa o Procurador do MPT de Sorocaba, Juliano Alexandre Ferreira, que também é presidente  do Fórum de Liberdade Sindical, e o presidente do Sinsaúde, Milton Carlos Sanches (foto), que também é membro do Fórum.

Sindicato atuante pelo trabalhador e pela melhoria do atendimento

“Essa verba foi uma benção para a Santa Casa, que está precisando e nem sabia que existia esse dinheiro não fosse a ação do sindicato. Muita coisa pode ser feita com esse valor, 50 mil em EPI vai ajudar muito os trabalhadores e trabalhadoras. A função do sindicato é essa: ajudar o trabalhador e ajudar a população. O sindicato e a CTB estão nessa batalha”, declarou ao Portal CTB Milton Carlos Sanches, presidente do Sindisaúde, entidade filiada à Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

O Sinsaúde atua junto a uma base de 30 mil trabalhadores cobrindo cidades como Avaré, Assis, Votorantim e Itapeva. Assim como no restante do Brasil, muitos profissionais de saúde da região tem atuado em situação precária. Na próxima segunda-feira (10), o sindicato vai realizar uma denúncia no MPT sobre a retirada de folga dos trabalhadores, entre outras irregularidades como a distribuição de EPI de baixa qualidade e a falta de máscaras. 

Precariedade e recorde de contágio

“O trabalhador está com medo. Nem todos tem material de primeira qualidade. Tem lugares em que a orientação é que a máscara tem que durar o dia inteiro. Estamos fazendo um levantamento para denunciar”. Milton lembrou da primeira vítima entre os trabalhadores na região que foi “um enfermeiro de 33 anos”. “Ao invés de dar um prêmio a esses trabalhadores tiram a possibilidade de folga em meio a uma pandemia”, denunciou referindo-se ao Hospital Regional Novo, dirigido por uma empresa terceirizada.

Dados do Conselho federal de Enfermagem (Confen) divulgados nesta sexta-feira (8) mostram que o Brasil superou os EUA em numero de mortes de trabalhadores de enfermagem. São 98 mortos no país diante de 91 mortos nos EUA, epicentro da pandemia do coronavírus. Segundo o Cofen, são mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadores da enfermagem infectados no Brasil. A falta de EPIs é uma das causas apontadas para o alto índice de contágio entre os profissionais da enfermagem.

Hotel solidário e direito à insalubridade

Milton ressaltou que o esforço entre o Sinsaúde e o MPT pode resultar no direcionamento de outras verbas para outros hospitais do SUS. Ele disse que o sindicato também vai iniciar a campanha hotel solidário, que oferece hospedagem gratuita em hotéis para trabalhadores da saúde para proteger as famílias desses profissionais. “Também vamos fazer uma campanha maciça para que todo trabalhador e trabalhadora, que estiver dentro do hospital, independente da função que ocupe, tenha direito à insalubridade”.