O facão do desemprego nas montadoras

Com mercado retraído devido à pandemia, a indústria automobilística segue reduzindo mão de obra e produção. Nos últimos dias, os atingidos foram trabalhadores nas fábricas da Renault em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, e da Ford em Camaçari, região metropolitana de Salvador, que recorreu ao lay-off.

Na sexta-feira, os metalúrgicos da Renault rejeitaram proposta da empresa, que inclui plano de demissão voluntária. Além de um pacote, a empresa oferece manutenção de benefícios como plano médico e vale-mercado por tempo determinado, e primeira parcela da primeira participação nos lucros ou resultados (PLR). A montadora quer cortar mais de 10% da mão de obra: 800 postos de trabalho, de um total de 7.300.

Para quem permanecer, a montadora propõe suspensão de reajuste salarial e pagamento de abono. “Essa proposta é ruim para trabalhadores que saem e ruim para os trabalhadores que ficam”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka. A entidade espera por nova proposta até a próxima quarta-feira (22).

Momento delicado

Em Camaçari, a Ford decidiu suspender os contratos de 1.600 trabalhadores. São aproximadamente mil funcionários da fábrica e 600 terceirizados. A medida é válida por três meses, de 1º de agosto a 31 de outubro. Segundo a empresa, o objetivo é “adequar o volume de produção à menor demanda do consumidor nessa situação sem precedentes”.

Durante o período do lay-off, os empregados continuarão recebendo salários líquido, com parte sendo paga pelo governo, via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O Sindicato dos Metalúrgicos fechou recentemente acordo que prevê estabilidade por quatro anos para a categoria.

“Estamos conseguindo preservar o emprego e os direitos dos trabalhadores, num momento tão delicado para a saúde pública e a economia do país”, afirma o presidente do sindicato, Julio Bonfim.

Fonte: CUT