Primeiro trimestre registra 93 greves pela aplicação do piso nacional da educação

A luta pela aplicação da lei que determinou o novo piso salarial nacional de R$ 3.845,63 (reajuste de 33,24%) está mobilizando trabalhadoras e trabalhadores da educação em todo o país. Segundo o Dieese, foi o principal motivo das greves no setor durante o primeiro trimestre de 2022.

Se em janeiro houve um único registro de mobilização, em Fortaleza, no mês de fevereiro o número de paralisações aumentou para 39 e, em março, para 53. No total, foram registradas 93 greves no primeiro trimestre do ano.

O maior número de paralisações ocorreu na esfera municipal: 85. Nos estados, foram sete. Já a Mobilização Nacional da Educação, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), em 16/03, envolveu profissionais de todos os níveis da administração pública.

A demanda por reajuste dos pisos salariais dos docentes, o menor valor de salário que pode ser pago dentro da categoria, domina a pauta de reivindicações da educação (88%). O reajuste de salário (44%) e os planos de cargos, carreiras e salários (17%) também aparecem com frequência, quase sempre relacionados a esse item.

Em muitas greves, o reajuste do salário-base dos docentes repercute sobre a remuneração dos professores que recebem acima do piso, para que se respeite a estrutura dos PCCS. Servem de incentivo às mobilizações pelo estabelecimento de um piso, também regulamentado em lei, para os profissionais não docentes da educação, além da reposição inflacionária nos salários.

Salários em queda

As informações constam do último “Caderno de Negociações” do Dieese. A publicação destaca também que os salários continuam perdendo a corrida para a inflação e sujeitos ao arrocho. A análise de 231 convenções e acordos coletivos negociados por categorias com data-base em março de 2022, registrados no Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência, até o começo de abril, revela que 51,9%
ficaram abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), 13,9% resultaram em aumentos reais dos salários, 34,2% conseguiram apenas recomposição do poder de compra.

A variação real média dos reajustes em março foi de -0,5%,

Alimentos em alta

O “Caderno” também conferiu destaque à evolução do custo da cesta básica de alimentos para o trabalhador. Entre fevereiro e março de 2022, a cesta registrou alta nas 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. As variações mais expressivas foram constatadas nos seguintes produtos:

Feijão – Todas as cidades registraram aumento. Apesar da fraca demanda, a baixa oferta do grão carioca e a redução da área plantada resultaram em elevação nos preços. Em relação ao tipo preto, a alta
pode estar associada ao crescimento da procura nos centros consumidores.

Óleo de soja – A redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia e de palma na Indonésia acarretou aumento da demanda internacional por óleo de soja. Além disso, as altas nos preços nos mercados interno e externo podem ser explicadas pela elevação do valor do petróleo, que torna vantajosa a
produção de biocombustíveis.
Pão francês e farinha de trigo – As altas nos preços são resultado da redução da disponibilidade de
trigo no mercado externo, pois Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais do grão.
Farinha de mandioca – A diminuição na oferta da raiz e o clima desfavorável foram responsáveis pelo
aumento nos preços em todas as capitais onde o produto é pesquisado.
Tomate – Com a aproximação do final da safra de verão, o volume ofertado diminuiu, o que provocou aumento nos preços na maioria das cidades.
Leite integral – Em 16 das 17 capitais pesquisadas, houve elevação nas cotações do leite UHT, decorrente do aumento nos custos da produção de leite, diminuição nos estoques de derivados lácteos e competição por matéria-prima entre as indústrias.
Açúcar – Os preços aumentaram em praticamente todas as cidades, devido à redução da oferta de
cana, que se encontra em período de entressafra.
Manteiga – Em março, aumentou a importação de manteiga, consequência da menor oferta de leite, o
que explica as altas de preço na maioria das capitais que fazem parte da pesquisa da cesta.

Fonte: Dieese

Foto: Muzambinho