Manobra eleva ganhos dos presidentes de Cemig e Copasa

Por Thaís Mota, jornal O Tempo

Mesmo com salários já considerados altos para a realidade brasileira, os presidentes da Cemig e da Copasa foram indicados para integrar o Conselho de Administração (CA) das companhias e, assim vão engordar ainda mais suas remunerações. Porém, como o Estatuto das duas maiores estatais mineiras prevê que o presidente ou qualquer diretor que seja também conselheiro não pode receber duas remunerações da mesma empresa, a indicação foi cruzada, ou seja, o presidente da estatal de energia, Reynaldo Passanezi Filho, foi indicado pelo governador Romeu Zema (novo) para o CA da Copasa, enquanto o presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais, Carlos Eduardo Tavares de Castro, será conselheiro da Cemig.

As indicações feitas pelo Estado, acionista majoritário, já foram aprovadas em assembleias de acionistas realizadas na última sexta-feira (30). No caso da Copasa, o valor médio para cada um dos conselheiros no ano passado foi de R$ 9.083,75 por mês, segundo informações da própria empresa. No entanto, essa remuneração varia mês a mês porque “50% desse valor formam uma parcela fixa e 50% são pagos a título de remuneração variável, de acordo com a participação do conselheiro nas reuniões mensais”.

Assim, Passanezi Filho – que conforme reajuste aprovado em assembleia de acionistas em 2018 recebe salário de R$ 85 mil como presidente da Cemig – passará a receber mais de R$ 94 mil mensais.

Já no caso da companhia de energia, a empresa não informou os valores pagos a cada um dos conselheiros, mas, segundo um ex-dirigente sindical que pediu para não ser identificado, o valor é estimado em R$ 21 mil. Com isso, estima-se que a remuneração mensal do presidente da Copasa, Carlos Eduardo Tavares de Castro pode alcançar cerca de R$ 77 mil mensais, considerando uma estimativa de salário do presidente feita pelo Sindicato dos Trabalhadores da Copasa (Sindágua-MG).

“Temos um conselheiro eleito na Libertas, que é fundo de pensão dos trabalhadores da Copasa, que ganha 15% do que ganha presidente da Libertas. E o presidente da Libertas recebe 90% do salário do presidente da Copasa. Fazendo essa conta toda, temos o valor de R$ 56 mil ao presidente da Copasa, mas por essa via”, explica o diretor do Sindágua, Vagner Xavier.

As indicações surpreenderam os sindicalistas. Segundo Xavier, tudo indica que a medida do governo seja para aumentar a remuneração dos presidentes, sem a necessidade de aprovação de um reajuste salarial. “Achamos que tem aí uma esperteza cruzada. Antigamente, tinha muito isso no Parlamento: eu contratava o seu primo no meu gabinete, e você contratava no meu. Estamos voltando a isso”, disse.

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