Um dia de protesto contra assassinato racista em Carrefour de Porto Alegre

Publicado 20/11/2020 - Atualizado 20/11/2020
Na véspera do Dia da Consciência Negra um homem negro, João Alberto Freitas, 40 anos, foi espancado até a morte por dois seguranças do Carrefour no norte de Porto Alegre. O crime teria ocorrido após um bate-boca entre Freitas e funcionários da multinacional. Ficou evidente a motivação racista. Um dos assassinos, que foi preso, é policial militar.
O fato ocorreu na noite de quinta-feira (19) e despertou uma indignação generalizada no país. “Não podemos tolerar tamanha barbárie”, afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo. “Foi uma agressão covarde e injustificável, que mostra a força do racismo no país, uma herança perversa da nossa história que é estimulada pelo presidente Bolsonaro. Racismo é crime e tem de ser rigorosamente punido”, complementou o sindicalista.
Gilmar Mendes, ministro do STF, declarou:
“O Dia da Consciência Negra amanheceu com a escandalosa notícia do assassinato bárbaro de um homem negro espancado em um supermercado. O episódio só demonstra que a luta contra o racismo e contra a barbarie está longe de acabar. Racismo é crime! #VidasNegrasImportam.”
A candidata a prefeita pelo PCdoB à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D’Ávila, afirmou que é preciso encarar o racismo de frente:
“Estava no debate da Band e na saída soube do assassinato de um homem negro pela abordagem violenta dos seguranças do estacionamento do Carrefour. Sei que já há pedido de investigação sendo feito por parlamentares e pela bancada antirracista recém eleita. Mas as imagens dizem muito. O racismo que estrutura as relações de nossa sociedade precisa ser enfrentado. As mulheres e homens brancos precisam assumir a sua responsabilidade na luta antirracista. Quantos Betos? Qual pessoa branca você viu ser vítima dessa violência?”, disse ela, complementando com a hashtag #VidasNegrasImportam
Outros ministros do STF, os presidentes do Senado e da Câmara Federal, lideranças sociais, artistas, intelectuais, atletas e vários dirigentes políticos, governantes e parlamentares se pronunciaram condenando o crime racista.
O assassinato de João Alberto Freitas, que morreu asfixiado sob as botas e os punhos de seguranças terceirizados do Carrefour, pautou o Dia da Consciência Negra.
Em Porto Alegre, centenas de pessoas saíram às ruas e compareceram ao ato “Basta de racismo” diante do Carrefour Passo D`Areia.

Em São Paulo, a data foi marcada por uma robusta passeata que paralisou uma pista da Avenida Paulista e estava programada para descer a rua da Consolação e concluir numa concentração em frente a uma unidade da multinacional francesa no centro da cidade em protesto contra o assassinato em Porto Alegre.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/j/j/XkfAGJRUAK2MMBvhmM7Q/marcha.jpg)
No centro de Belo Horizonte um grupo de manifestantes iniciou a concentração às 15h desta sexta-feira (20) em frente ao Carrefour da Avenida Afonso Pena com a Rua Guajajaras para protestar contra a morte de João Alberto Freitas na capital do Rio Grande do Sul.
Também em Brasília a data motivou uma marcha de protesto contra o racismo e o brutal assassinato cometido pelos seguranças do Carrefour.
Na contramão da comoção nacional, o vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o crime e disse que não existe racismo no Brasil. O presidente da Fundação Palmares indicado por Bolsonaro, Sergio Camargo, também reiterou que não existe racismo . “O negacionismo do governo Bolsonaro é um estímulo para os crimes racistas”, comentou o presidente da CTB.

/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2020/A/D/r5IZ5VTc2MqLDEBYgAhw/whatsapp-image-2020-11-20-at-16.10.09.jpeg)
O ex-presidente Lula também se manifestou. Assista no vídeo abaixo: