25 de julho: Mulheres negras lutam por igualdade e respeito

Por Marcos Aurélio Ruy

Em 25 de julho, comemora-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. A data foi instituída em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana, justamente para chamar a atenção para o profundo desrespeito vivenciado pelas mulheres negras nesta região do planeta e a violência que as atinge severamente.

A situação é tão peculiar que no Brasil as mulheres negras ganham 57% menos do que um homem branco, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e 42% a menos do que as mulheres brancas, além de estarem em maior vulnerabilidade, como mostram todas as pesquisas sobre violência.

“Desde os primórdios da história, a humanidade foi sendo estruturada por outras relações de dominação, como o racismo, o colonialismo e a opressão da sexualidade”, afirma Lucimara da Silva Cruz, secretária de Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). “Na América Latina, nossa história é marcada pelo colonialismo e pelo racismo, que produzem, estruturam o capitalismo, e aprofundaram o patriarcado”.

Para Raimunda Leone, secretária adjunta de Igualdade Racial da CTB, “a escravidão mantém marcas indeléveis sobre a sociedade brasileira, com o capital justificando o racismo e o machismo para manter a classe trabalhadora desunida e dessa forma explorá-la mais facilmente”.

Já o levantamento Protagonismo das mulheres nas empresas, feito pela consultoria marketing digital Triwi revela que, entre as 21.435 empresas pesquisadas no Brasil, 25,1% não possuem nenhuma mulher negra em todo o seu quadro de funcionários.

Quase metade das empresas (45%) conta com apenas 10% do quadro de funcionários composto por mulheres negras. A inclusão de mulheres com deficiência física é outro gargalo nas contratações, já que a maioria das empresas pesquisadas (68%) não tem funcionárias PCD, informa o jornal Valor Econômico.

O levantamento mostrou que 27% das mulheres ocupavam mais de 50% dos cargos nas empresas, em 2020. E, em 2022, esse número caiu para 18%. Em 5% das empresas pesquisadas, não havia nenhuma mulher contratada, informa o levantamento.

“Mesmo com o avanço de mulheres alcançando cargos executivos e de liderança nas empresas, nos últimos anos percebemos uma queda no número de mulheres que são mães ocupando esses cargos nas empresas”, afirma Sabrina Benatti, gerente de marketing da Triwi.

“No modo de produção capitalista, o machismo e o racismo tornam-se base de sustentação da ordem do capital, se ampliando a partir da exploração do trabalho e da vida das mulheres”, define Lucimara. Os dados mostram também que o mercado de trabalho marginaliza as mães, ainda mais as mães negras”, reforça Raimunda.

Ela também diz que “os desafios colocados hoje não são poucos e as mulheres permanecem excluídas vastamente dos espaços em que se definem as normas e políticas que incidem diretamente sobre suas vidas. As mulheres negras e indígenas são aquelas sobre as quais incidem mais diretamente os processos de precarização da vida”.

E, por nisso, define Lucimara, “a ação dos movimentos sociais, do movimento feminista negro e do movimento sindical é fundamental para vencermos mais essa barreira e construirmos um Brasil mais igualitário e sem preconceitos”.

E porque a representação feminina e da população negra no Congresso Nacional e nos cargos executivos é ínfima, Raimunda lembra da importância de elegermos mais negras e negros nestas eleições para o Congresso ter realmente a cara do Brasil. “Juntamente com Lula na Presidência, precisamos de um Parlamento representativo da sociedade e que aja em benefício do país e da classe trabalhadora”.

Não se pode esquecer que nessa data ocorrem marchas de mulheres negras por todo o país, neste ano com o tema Mulheres negras no poder construindo o bem viver. Além de o mês ser o Julho das Pretas.