PM reprime com gás de pimenta trabalhadores do BB durante paralisação em Brasília

Por Daniel Giovanaz, para Brasil de Fato

Um grupo de cerca de 200 trabalhadores do Banco do Brasil que protestavam pacificamente durante a paralisação nacional desta quarta-feira (10) foi agredido com gás de pimenta e golpes de cassetete pela Polícia Militar (PM) em Brasília (DF). Não há informações sobre feridos até o momento.

As agressões ocorreram por volta das 10 horas da manhã no edifício Sede 1, na garagem do setor bancário sul, onde se concentram as operações de monitoramento remoto do banco. Esse é um dos pontos onde concentram as mobilizações desta quarta contra a reestruturação e o desmonte do banco na capital federal – outro grupo realiza atividades na tesouraria do Banco do Brasil.

“Fomos violentamente reprimidos pela Polícia Militar, em um descompromisso com qualquer código de honra e ética”, relata Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília. “A gente está em um processo de negociação e mediação com o banco, mas a tenente-coronel, ignorando tudo isso, passou por cima do movimento de forma irresponsável, atacando com gás de pimenta e cassetetes”.

Morais ressalta que, no momento das agressões, os grevistas estavam em fase final de negociação com o banco para definir a equipe que trabalharia na contingência ao longo do dia.

“Nós já havíamos feito uma composição, e nove trabalhadores entrariam para a contingência. O banco havia até destacado quais eram esses trabalhadores, mas a PM de forma irracional falou: ‘Quem são vocês para fazer negociação?’. Foi um ato de truculência e sem mandado judicial, porque não tinha nenhuma autoridade para fazer isso”, afirma o presidente do sindicato. “O movimento é pacífico, não tinha bate-boca, absolutamente nada.”

O Banco do Brasil, assim como os Correios e o sistema Eletrobrás, é uma das instituições que está na lista de privatizações do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

O Brasil de Fato entrou em contato com a Polícia Militar do Distrito Federal para questionar os motivos da repressão aos trabalhadores. “Os grevistas estavam impedindo a entrada dos servidores que estavam indo trabalhar. Os policiais negociaram com o grupo para que o acesso fosse liberado, porém eles estavam irredutíveis. Foi necessário o uso da força para que os servidores tivessem acesso ao local de trabalho”, disse nota enviada pela assessoria de imprensa.

A partir do dia 22, devem ser encerradas 361 unidades, sendo 112 agências. Outras 243 agências devem ser rebaixadas à categoria de postos de atendimento. Cerca de 5,4 mil funcionários já aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), e o Sindicato dos Bancários de Brasília estima que ao menos 10 mil pessoas já perderam 40% da renda com o processo de reestruturação.

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