Vídeo comprova que Bolsonaro mudou comando da PF para proteger filhos, o que pode levar à sua destituição

O Brasil teve mais um dia quente e agitado nesta terça-feira, 12 de maio, dia em que o movimento sindical e o povo prestam homenagens aos trabalhadores e trabalhadoras em Enfermagem, que estão na linha de frente do combate ao Covid-19, e defendem a valorização da categoria.

O número de mortes por coronavírus no país, 881, bateu um novo recorde diário, elevando o total de óbitos a 12.400.

Estatísticas do IBGE revelam que o setor de serviços, que responde por algo em torno de 70% do PIB e do emprego, desabou 6,9% em março, o que significa que a economia já está em profunda recessão.

O dólar comercial encerrou o pregão valendo R$ 5,86, o maior valor registrado em sua história até o momento.

Crise política

Em sintonia com o sombrio cenário na saúde e na economia, a crise política alcançou um novo patamar com a divulgação do vídeo apresentado pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de sua denúncia de que Jair Bolsonaro queria interferir politicamente no comando da Polícia Federal, indicando alguém de sua confiança pessoal como diretor geral da instituição.

A gravação, que reproduz uma tensa reunião palaciana realizada em 22 de abril, indica que Bolsonaro queria mesmo mudar a chefia da PF com o propósito de proteger os filhos, envolvidos com crimes de corrupção e Fake News.

Como é praxe, não poupou grosserias e palavrões para deixar claro seu objetivo.

Os depoimentos colhidos pela polícia ao longo do dia – do ex-superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, e dos generais Braga Netto e Augusto Heleno também não aliviaram muito a situação do líder da extrema direita.

Finalmente, caberá ao ministro Ricardo Lewandowski decidir se Jair Bolsonaro terá ou não de revelar ao povo brasileiro o resultado do exame que fez para Covid-19 e faz questão de manter em segredo.

Fora Bolsonaro

O presidente sentiu o golpe e foi à rampa do Palácio do Planalto dar explicações aos jornalistas, o que é raro. Procurou se defender, mas não foi convincente, tudo que conseguiu foi demonstrar desespero.

Vê-se que o chefe do Clã Bolsonaro tinha fortes motivos para a tentativa que fez de evitar por todos os meios o acesso da Justiça ao vídeo e, agora, a divulgação do seu bombástico conteúdo.

Dizem que existem outros trechos comprometedores, com ofensas aos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e à China, da qual a economia brasileira hoje depende comercial e financeiramente muito mais do que dos EUA.

Seja como for, a interferência indevida e imoral na PF, que foi consumada e é objeto do inquérito aberto pelo STF a pedido da PRG, configura mais um crime de responsabilidade entre outros que foram e estão sendo praticados pelo presidente.

É o caso, por exemplo, da política externa contrária aos princípios democráticos e soberanos estabelecidos na Constituição, como já foi denunciado pelos chefes do Itamaraty que antecederam o atual. São crimes que podem e devem resultar na destituição do político neofascista.

A popularidade de Bolsonaro está em queda, conforme sugerem diferentes institutos de pesquisa, não só por causa da crise política mas também da conduta insana em relação ao Covid-19.

Depois deste terça a trajetória de declínio vai se acentuar e pode contribuir para acelerar o fim do pesadelo em que se transformou este desgoverno da extrema direita para a nação e o povo brasileiro.

Umberto Martins