O clamor das ruas brasileiras neste sábado: Fora Bolsonaro

O grito Fora Bolsonaro ecoou com força neste sábado (2) pelas ruas e avenidas do Brasil. Ocorreram protestos em mais de 300 cidades do país. Também no exterior houve mobilização, com atos contra o presidente genocida em pelo menos 18 outras nações.

Em São Paulo, palco da principal manifestação, aconcentração teve início às 13 horas na Avenida Paulista.

CTB teve uma presença destacada nas manifestações contra Bolsonaro

Protagonismo da classe trabalhadora

Na opinião do vice-presidente da CTB Nacional e presidente da CTB/SP, Rene Vicente, além de afastar Bolsonaro da Presidência cobra também urgência a necessidade de “debater um novo projeto nacional de desenvolvimento que inclua o povo brasileiro e seja orientado pelo objetivo de combater as gritantes desigualdades sociais, com geração de emprego e distribuição de renda”.

“É preciso dialogar com todas as forças progressistas para que possamos construir um projeto nesta direção. Lutamos para que a classe trabalhadora seja protagonista deste processo político”, acrescentou.

Defesa da água contra a privatização também marcou o dia nacional de luta

O dirigente da CTB defendeu o “aprofundamento de um projeto democrático e soberano” e destacou que o país “está afundando”.

“Por que Fora Bolsonaro? Porque Bolsonaro, com seu negacionismo, levou à morte 600 mil pessoas, sua política econômica também está matando. Temos quase 15 milhões de desempregados, 5 milhões de pessoas desalentadas, 20 milhões passando fome no Brasil e 2 milhões de famílias ou 41 milhões de pessoas que foram jogadas à situação de extrema pobreza durante o governo Bolsonaro. São esses problemas que o país precisa abordar e resolver sem mais demora. Este deve ser o nosso foco”, concluiu.

Amplitude

Este foi o sexto ato nacional realizado sob a bandeira Fora Bolsonaro desde maio deste ano. Foi também o maior, mais amplo e representativo, na opinião de muitos organizadores. Reuniu parlamentares, dirigentes e militantes de 21 partidos, com notável diversidade ideológica: Cidadania, DEM, MDB, Novo, PCB, PCdoB, PCO, PDT, PL, Podemos, PSB, PSD, PSDB, PSL, PSOL, PSTU, PT, PV, Rede, Solidariedade e UP.

Palavras de ordem contra as privatizações, em defesa dos Correios, da Eletrobras, da água e das empresas públicas, contra a carestia, a fome e o desemprego em massa também ganharam força nas ruas.

No Rio o ato contra Bolsonaro lotou a Candelária, no centro da capital carioca.

“Começamos a mostrar nas ruas aquilo que já aparece nas pesquisas de opinião há muito tempo. A maioria absoluta do povo brasileiro não suporta mais o desgoverno Bolsonaro, que fez 600 mil vítimas de Covid, 15 milhões de desempregados, fracasso total na economia e a destruição da imagem do país no exterior. Por tudo isso, nós estamos aqui. O ato foi um sucesso e ele é muito importante na caminhada para derrotarmos Bolsonaro”, declarou o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

Candelária lotada: reflexo da crescente revolta do povo brasileiro contra o presidente genocida

As manifestações configuraram um passo a mais no sentido da formação de uma ampla frente social e política contra Bolsonaro. Além das centrais sindicais, unificadas em torno do Foro Bolsonaro, e os movimentos sociais, parlamentares e personalidades de diversas legendas que se opõem ao desgoverno atual participaram, presencialmente ou virtualmente, nos protestos.

“O dia 2 de outubro é frente amplíssima”, resumiu a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, “com todos aqueles que se arrependeram de votar em Bolsonaro e de todos nós que, historicamente, estamos do mesmo lado, no mesmo campo, defendendo um projeto de nação, uma agenda econômica avançada de inclusão social. Vamos às ruas com o vermelho no coração, com o verde e o amarelo que são nossos. Os entreguistas são eles, nós somos os verdadeiros patriotas”.

Na manifestação da capital paulista participaram, entre outros: Guilherme Boulos, da Frente Povo Sem Medo e MTST (PSM), Claudia Regina, da Associação da Parada do Orgulho LGBT SP), Alessandro Molon, Deputado Federal PSB/RJ, Líder da Oposição na Câmara, Heloísa Helena, Porta-Voz da Rede Sustentabilidade, Carlos Siqueira, presidente do PSB – Partido Socialista Brasileiro, Marcelo Ramos, Deputado Federal PL/AM, Vice-Presidente da Câmara Federal, Randolfe Rodrigues, senador Rede/AP, vice-presidente da CPI da Covid e líder da Oposição no Senado, Fernando Haddad, PT – Partido dos Trabalhadores (FBP), Manuela D´Avila, PCdoB – Partido Comunista do Brasil (FBP), Marcelo Freixo, Deputado Federal PSB/RJ, Líder da Minoria na Câmara, Luiz Henrique Mandetta, Ex-Ministro da Saúde, Ciro Gomes, PDT – Partido Democrático Trabalhista, Simone Tebet, Senadora MDB/MS, Juliano Medeiros, Presidente do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, Coalizão Negra por Direitos: Douglas Belchior UNEAFRO, Fórum Direitos Já: Fernando Guimarães, Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular: Raimundo Bonfim CMP.

Atropelamento em Recife

Uma manifestante foi atropelada no centro do Recife (PE) no fim da manhã deste sábado (02) durante o ato “Fora, Bolsonaro”, segundo informações do Brasil de Fato. A vítima, Isabela Freitas Veras, estava na comissão que garantia o diálogo entre os condutores e o manifestantes. Um condutor, que queria furar o bloqueio, começou a confusão, segundo Leonardo França, que presenciou a cena: “Ele arrastou, todo mundo pediu para parar, mas ele não parou. Ele correu mais de 100 metros com a menina pendurada no carro. Ele freou, a menina caiu e ele passou por cima”, afirma. 

Alguns manifestantes afirmam que o motorista chegou a sacar uma arma durante a confusão enquanto a vítima pedia calma. A vítima ficou ferida em diversas partes do corpo, incluindo a cabeça, mas foi socorrida no local e encaminhada para o Real Hospital Português.

Repúdio

As organizações políticas que coordenaram as manifestações deste sábado estão se manifestando em repúdio ao caso. Paulo Mansan, dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) afirmou que o acontecido “é o cúmulo do absurdo e da intolerância. Nós não podemos normalizar o que presenciamos hoje. Estávamos em um ato democrático, já dispersando. Nada justifica essa violência”. 

A vereadora do Psol Dani Portela repudiou o acontecimento e declarou que acionou as autoridades competentes “Foi doloso, intencional, ele quis fazer. Isso fere o direito a manifestação e a democracia, ter um ato grande que acaba com uma violência dessa. Entramos em contato com a Secretaria da Mulher do Estado e com o Secretário de Segurança. É preciso cobrar das autoridades a agilidade para que ele seja preso em flagrante delito. Isso tem que acontecer hoje. Por nós, pela democracia, pelo Brasil. Para que isso não se repita”, conclui.