Prefeito de São Paulo atende pleito de entidades democráticas e garante ônibus gratuito no próximo domingo

A Prefeitura de São Paulo anunciou que o uso dos ônibus na capital será gratuito no segundo turno das eleições, dia 30 de outubro. Decisão favorece Lula, que tem ampla vantagem entre os mais pobres. No primeiro turno cerca de 2 milhões deixaram de votar, 21,3% do eleitorado, acima da média nacional, de 20,9%.

A decisão foi tomada em reunião na tarde desta segunda-feira, 24, com a participação do prefeito Ricardo Nunes (MDB). São Paulo não teve gratuidade no primeiro turno.

“Vamos fazer aqui o transporte gratuito no dia da eleição”, confirmou Nunes após a reunião. A informação havia sido divulgada anteriormente pela rede de TV CNN.

A gratuidade ocorrerá das 6 da manhã até 20 horas, com “catraca livre”, isto é, passageiros entrando e descendo pela porta da frente dos ônibus, segundo o prefeito. A gratuidade será livre para todos, inclusive para os que não tiverem o Bilhete Único.

Nunes também afirmou que, como no primeiro turno, estarão nas ruas 2 mil ônibus a mais do que usualmente circulam no domingo, para fortalecer a operação no dia da eleição.

A Justiça havia dado nesta semana 48 horas para que a Prefeitura se manifestasse sobre o tema, após ação da vereadora e eleita deputada federal, Erika Hilton (PSOL). Inicialmente, a Prefeitura havia informado que não iria disponibilizar gratuidade e argumentou que as tarifas já não estavam sendo reajustadas de acordo com a inflação nos últimos anos.

Metrô ainda não confirma gratuidade

O serviço de ônibus em São Paulo é gerido pela Prefeitura e o de trilhos, como trens e metrô, pelo governo estadual. O governo do estado, hoje comandado por Rodrigo Garcia (PSDB), ainda não se pronunciou sobre a cobrança de passagens no transporte sobre trilhos.

Após a derrota no primeiro turno, o tucano Garcia anunciou apoio ao líder da extrema direita brasileira no segundo turno, bem como ao candidato bolsonarista ao governo estadual, Tarcísio de Freitas, que esnobou o apoio e fez questão de dizer que não quer o governador ao seu lado nos comícios.

Em pronunciamento, Nunes afirmou que falou com Garcia sobre a gratuidade e que o governador viu a questão com “simpatia”, mas que ainda iria se reunir com sua equipe para definir detalhes.

Nunes também declarou apoio Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputa o governo de São Paulo contra Fernando Haddad (PT). Garcia disputou o primeiro turno da eleição para governador, mas terminou a disputa em terceiro lugar.

Uma série de cidades têm anunciado nos últimos dias a gratuidade no transporte para o dia da eleição, após decisão do ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que indicou que a medida não configura improbidade administrativa.

Mais de 20 capitais já anunciaram gratuidade, como Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

2 milhões não votaram em São Paulo

O debate sobre a gratuidade no transporte público ganhou força com a abstenção recorde de eleitores no primeiro turno. Mais de 32 milhões de brasileiros aptos não se deslocaram para votar, e números mostram que a abstenção foi maior entre eleitores menos escolarizados e em bairros mais pobres.

Na capital paulista, quase 2 milhões de pessoas não votaram no primeiro turno, uma abstenção de 21,3%, acima da média nacional, de 20,9%.

Analistas apontam que a abstenção tende a prejudicar sobretudo a campanha do ex-presidente Lula, que venceu em bairros da periferia de São Paulo no primeiro turno.

Lula venceu na cidade de São Paulo, com 47,5% dos votos contra 38% de Bolsonaro. Mais do que o percentual, a capital paulista deu ao ex-presidente o maior saldo de votos contra Bolsonaro do Brasil (mais de 600 mil votos a mais do que Bolsonaro).

Com a redução do índice de abstenção, consequente do passe livre no domingo, é de se esperar que a vantagem de Lula seja ainda maior na maior cidade do país do que foi no primeiro turno.

Com informações da Exame