Adilson defende qualificação do movimento sindical: ‘Nós temos que elevar a nossa indignação’

Em sua intervenção durante a 5ª Reunião da Direção Plena da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, nesta sexta-feira (17), em Belo Horizonte, o presidente da CTB, Adilson Araújo, avaliou que, apesar do ambiente mais favorável para combater as desigualdades sociais, o movimento sindical precisa ter uma visão política mais apurada para batalhar pautas como a redução da taxa de juros e a Política de Valorização do Salário Mínimo.

Ele deu como exemplo a própria condução do presidente Lula que, logo após a eleição, abriu o caminho do diálogo com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para aprovar a PEC da Transição que permitiu o retorno do Bolsa Família.

“O que é elementar? É elementar a gente traçar quais são as questões principais que nós vamos poder trabalhar dialogando. Nós temos que qualificar a nossa intervenção. Não dá para a gente ser hoje mais do mesmo e repetir a cantilena. O debate que nós precisamos fazer nos cobra a possibilidade de construir um novo padrão civilizatório. Nós temos que elevar a nossa indignação. São 36 milhões de pessoas que não têm um prato de comida para comer, e nós vamos ficar silenciados? Nós vamos ter que ir para cima. Vamos tomar partido com a vida política. É necessário que a gente possa jogar o querosene, mas resgatando as coisas do debate. Nós precisamos entrar em campo e jogar o jogo para revogar parte desse arcabouço regressivo e ter como foco de que o centro da gravidade é a unidade das centrais sindicais”, salientou o dirigente.

Na avaliação de Adilson, o movimento sindical precisa “tirar muitas lições” com as reformas trabalhistas impostas desde o governo Temer. “O movimento sindical brasileiro que vigorou até novembro de 2017 com certeza foi um, mas o movimento sindical que vigorou após a aprovação da Lei 13.467, de 2017, impôs severas restrições. O arcabouço regressivo visou o caminho da quebra da espinha dorsal do movimento sindical e nós perdemos essa batalha porque não tivemos força. Nós temos uma batalha de grande envergadura, que passa pela alteração de uma política econômica restritiva, que só beneficia o grande capital. O capital especulativo, o ‘deus mercado’, que não reza as insuficiências das famílias, que já não conseguem mais fazer o supermercado”, exemplificou.

O presidente destacou ainda em sua fala a importância da necessidade do retorno da obrigatoriedade da contribuição sindical para o fortalecimento dos sindicatos de base nas lutas por mais empregos, melhores condições de saúde, educação e moradia. “Hoje, a contribuição sindical é facultada. Onde é que nós vamos recorrer? Nos fundamentos da lei. O que diz a lei das centrais sindicais? Que morre a contribuição sindical no momento em que nasce a contribuição negocial por força de negociação coletiva e aprovada em assembleia geral. A reforma sindical não foi um fim em si mesma. Eles querem muito mais. Eles querem a liberdade plena para patrocinar episódios gritantes, como esses que tivemos nos últimos meses envolvendo grandes empresas, como Aurora, Salton e Garibaldi, com o trabalhador tendo que pagar para trabalhar. A gente precisa ressaltar, dizer para as pessoas ouvirem, a importância fundamental dos sindicatos. Quem está dizendo que os sindicatos são algo importante para as nossas vidas não são apenas nós”, pontuou, ao citar a defesa do sindicalismo por autoridades como o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e o Papa Francisco, além do filósofo americano Noam Chomsky.

Confira aqui a resolução política aprovada pela CTB no encontro.