Witzel associa assassinato da vereadora Marielle Franco ao Clã Bolsonaro e pede sessão secreta da CPI para revelar envolvimento do presidente com a milícia

A manhã desta quarta-feira (16) começou agitada em Brasília, marcada por um explosivo depoimento do ex-governador do Rio Wilson Witzel na CPI da Covid. Ele acrescentou novas suspeitas sobre o envolvimento do presidente da República, Jair Bolsonaro, no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (P-sol).

Witzel atribuiu o processo de impeachment que resultou na sua deposição ao avanço das investigações sobre o crime. “Tudo começou porque mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores, a perseguição contra mim foi inexorável, teve até live do presidente de madrugada me atacando. Quantos crimes de responsabilidade ele vai cometer até pararmos ele? Não podemos aceitar que ele continue ameaçando o estado democrático de direito”, disse ele na CPI.

“A partir do caso Marielle o governo federal começou a retaliar”,reiterou. “Nós tínhamos dificuldade de falar com os ministros e sermos atendidos. Encontrei o ministro Guedes. Ele virou a cara e saiu correndo: ‘não posso falar com você'”, acrescentou.

Não sou o porteiro

Notoriamente incomodado com o depoimento, o filho 01 de Jair, Flavio Bolsonaro, tentou tumultuar a seção interrompendo o ex-governador carioca sob o pretexto de que seu pai e sua família tinham sido citados. Witzel rebateu afirmando “que não será intimidado”.

“Senador, pode ficar tranquilo que eu não sou porteiro”, retrucou Witzel, fazendo uma ardilosa alusão a um funcionário do condomínio Vivendas da Barra, moradia de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro.

Em 2019, um dos porteiros do condomínio afirmou em depoimento que Bolsonaro havia liberado a entrada de Élcio de Queiroz, assassino de Marielle Franco, no condomínio, na data em que ela foi morta. Depois, supostamente depois de sofrer forte pressão da família e da milícia carioca, ele voltou atrás e disse que se confundiu.

Fato grave

Questionado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sobre o porteiro do condomínio onde mora Jair Bolsonaro, que interfonou para a casa do então deputado federal para obter liberação da entrada de um dos milicianos envolvidos no crime, Witzel insinuou que pode fazer revelações demolidoras contra o “mito” da extrema direita brasileira.

“Há um fato que vou manter em sigilo e se houver a sessão em segredo de Justiça, vou revelar. Um fato gravíssimo. Envolve intervenção do governo federal em meu governo”, anunciou.

Condicionou as informações, porém, à realização de uma sessão secreta da CPI da covid: “só posso responder se a CPI adotar o procedimento do segredo de Justiça, porque os fatos são graves”.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que irá produzir um requerimento para que os senadores tenham uma sessão secreta com o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Quem esperava e desejava que a CPI ia dar em pizza, como alardearam bolsonaristas, já tem razões para ficar inquieto. O desenho do genocídio praticado contra o povo brasileiro já está configurado e é preciso lutar para que o crime seja devida e rigorosamente punido.

Com 247

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