Para presidente da CTB, um novo sindicalismo depende de um novo Brasil

O movimento sindical brasileiro se defronta hoje com novos desafios, que emergem com a pandemia e a aplicação de novas tecnologias ao processo de produção e distribuição. Mas é ilusão imaginar que reformas progressistas sobre organização sindical possam entrar em pauta no contexto do governo de extrema direita, afirmou Adilson Araújo.

O presidente da CTB emitiu sua opinião durante debate promovido pelo jornalista Luis Nassif no canal da GNN no youtube com dirigentes das seis maiores centrais sindicais brasileiras (CTB, CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB) nesta segunda-feira. “Os sindicatos como peça central no desenvolvimento nacional” foi o tema abordado.

Relevância do movimento sindical

De acordo com o sindicalista, “será preciso primeiro mudar o Brasil para abrir caminho a um novo sindicalismo”. Ele lembrou que o movimento sindical brasileiro desempenhou um papel de grande relevância nas eleições do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff e nas conquistas alcançadas durante os governos de centro-esquerda liderados pelo PT.

Destacam-se, entre os benefícios obtidos para a classe trabalhadora, a política de valorização do salário mínimo, os aumentos reais, a extensão dos direitos trabalhistas ao trabalho doméstico, a substancial redução da taxa de desemprego (que em 2014 desceu à casa dos 4%), a legalização das centrais, as políticas afirmativas para mulheres, negros e pobres.

O cenário mudou após o golpe de 2016, que inaugurou uma agenda de retrocessos ampliada e radicalizada pelo governo neofascista de Jair Bolsonaro. “O que podemos eperar de um presidente miliciano?”, interrogou Araújo. “Um governo cuja equipe é um poço de mediocridade, que aproveita a pandemia para ´passar a boiada´, condena o país ao neocolonialismo, tem uma política sanitária genocida e uma agenda guiada pelo propósito de vender tudo”.

Por esta razão, a prioridade do movimento sindical, em unidade com os movimentos sociais e as forças democráticas, é a luta política para derrotar o governo e sua política reacionária, pela elevação do auxílio emergencial a R$ 600,00, vacina já para todo povo brasileiro, ampliação dos investimentos públicos, retomada do crescimento e garantia de emprego e renda.

“Eu não sou daqueles que acredita que vamos ter reforma positiva neste governo”, reiterou o presidente da CTB.

O Brasil vive uma tragédia econômica, com menos da metade de sua população em idade ativa ocupada. “A situação poderia ser ainda pior se o movimento sindical não tivesse conquistado no ano passado o auxílio emergencial de R$ 600,00, que amorteceu os efeitos da crise ao propiciar o fortalecimento do consumo e do mercado interno”, comentou.

Mídia burguesa

Os sindicalistas também reclamaram do comportamento da mídia burguesa em relação às lutas sociais em geral e ao movimento sindical em particular, marcado pela hostilidade e o silêncio, quando nã’o se verifica a deturpação pura e simples dos fatos. Em relação às iniciativas regressivas impostas pelos governos Temer e Bolsonaro (terceirização irrestrita, EC 95, reformas trabalhista e previdenciária) prevaleceu nesta mídia o pensamento único neoliberal, com espaço exclusivo ou quase exclusivo para a apologia dos retrocessos, apresentados como essenciais para a recuperação econômico e a criação de milhões de novos postos de trabalho.

“Precisamos fortalecer a comunicação sindical e a mídia alternativa, que transmite ao povo uma visão democrática e progressista”, defendeu Adilson Araújo. O jornalista Luis Nassif enalteceu a unidade das centrais sindicais, traduzida mais uma vez na amplitude política do 1º de Maio, que considerou “o primeiro sinal de que o Brasil está montando uma grande frente para erradicar o bolonarismo e trazer a modernidade de volta”.   

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