Com Bolsonaro, servidores perdem 25% do poder de compra

Após Bolsonaro descumprir a promessa de reajustar, linearmente, em 5% todo o funcionalismo público neste ano, os servidores tiveram mais uma decepção com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tampouco prevê provisionamento suficiente para que seja aplicado reajuste neste patamar em 2023.

Desde o início do atual governo, os servidores civis já perderam quase 25% do poder de compra, segundo levantamento da subseção do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) na Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef/Fenadsef).

Sem reposição salarial há mais de cinco anos, desde janeiro, eles lutam por um reajuste de 19,99%, percentual que é inferior à inflação do período. É a primeira vez que isto acontece há mais de 20 anos. Enquanto isso, levantamento realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) aponta que os integrantes das Forças Armadas tiveram 29,6% de ganho real nos últimos 10 anos, já descontada a inflação acumulada desde 2012.

Nem mesmo com o movimento grevista dos servidores do Banco Central e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) o governo se dispôs a dialogar com os representantes das categorias. As estatísticas do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) apontam que, até dezembro de 2022, as perdas salariais acumuladas terão alcançado 39,97%, tendo a maior defasagem sido registrada no período do Governo Bolsonaro, conforme evidencia o gráfico abaixo, pelo qual desde dezembro de 2018 vê-se o aumento do hiato entre a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e os salários.

Os servidores continuarão ao longo deste segundo semestre lutando pela inclusão de maior previsão de reajuste na LDO (fixada agora em R$ 11,7 bilhões) uma vez que o governo obteve uma economia de R$ 19 bilhões nas despesas de pessoal em 2021, quando as contas públicas tiveram um superávit de quase R$ 65 bilhões. Com a inflação alta, a arrecadação federal vem se expandindo. Em 2021, a arrecadação do governo federal teve alta real de 17,36%, a R$ 1,879 trilhão, segundo dados da Receita, o melhor desempenho da série histórica iniciada em 1995.

A carga tributária brasileira subiu de 31,77% do produto interno bruto (PIB) em 2020 para 33,90% em 2021, patamar mais alto da série histórica iniciada em 2010, A maior fatia da carga tributária do país é de atribuição do governo federal, com 22,48% do PIB em 2021, elevação de 1,53 ponto percentual na comparação com o ano anterior.

Por Mariana Mainenti, no Vermelho

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