Por Altamiro Borges
O crescimento da extrema-direita é um fenômeno mundial – não assusta somente no Brasil. Ele tem relação direta com a crise crônica do capitalismo, que aguça as deformações do sistema e evidencia as limitações das próprias instituições, entre outros fatores de risco. Na semana passada, mais dois países sentiram os perigos desse retrocesso – Itália e Suécia.
Na sexta-feira (14), a Itália elegeu um político homofóbico para chefiar a Câmara dos Deputados e um fã confesso do assassino Benito Mussolini para presidir o Senado. A escolha dos dois ultradireitistas sinaliza que o governo da neofascista Giorgia Meloni não terá nada de moderado – como a mídia monopolista vinha bravateando.
Eleito para chefiar a Câmara Federal, com 222 votos de um total de 400, Lorenzo Fontana é filiado à Liga, partido de extrema-direita integrante da coligação que elegeu Giorgia Meloni. Famoso por posições conservadoras, ele já ocupou o cargo de ministro da Família entre 2018 e 2019. O fascista também trata os imigrantes como inimigos. “Fontana já pediu a revogação de uma lei antifascista e antirracista instaurada em 1993 que torna crime propagar ideias baseadas em superioridade ou ódio racial e étnico”, informa o site UOL.
Admirador do fascista Mussolini
Já o presidente do Senado, Ignazio La Russa, eleito com 116 votos de um total de 200, é expoente histórico da ultradireita italiana e cofundador do partido Irmãos da Itália, junto com Giorgia Meloni. Ele foi ministro da Defesa do governo corrupto de Silvio Berlusconi (2008-2011).
Sua ligação com Benito Mussolini vem de família, dado que seu pai foi secretário do partido fascista do ditador. O direitista – cujo nome do meio é Benito – iniciou sua carreira política na ala jovem do Movimento Social Italiano, partido fundado em 1946 por admiradores do líder fascista.
A bandeira contra os imigrantes
Em outro país da velha Europa, a Suécia, a fascistização também avança em ritmo acelerado. Segundo a agência Reuters, “cotado para premiê, o líder dos Moderados, Ulf Kristersson, afirmou em um encontro com jornalistas na sexta-feira (14) que pretende governar ao lado do partido de ultradireita Democratas Suecos. A coalizão da qual as duas legendas participam ganhou a maioria dos assentos no Parlamento nas eleições de setembro”. De acordo com a matéria, a legenda elegeu 107 deputados e tem “raízes neonazistas”.
Até recentemente, ela era marginalizada no sistema político sueco. “Mas seus argumentos anti-imigração ressoaram entre a população no último pleito, fazendo com que hoje seja virtualmente impossível governar sem seu apoio”. Entre outros pontos, a aliança entre Moderados e Democratas Suecos defende dar mais poder à polícia e restringir as políticas de imigração.
Charge: Nardi/Voxeurop