A gestão imposta à Petrobras após o golpe de 2016, pelos governos Temer e Bolsonaro, defendida com unhas e dentes pelos investidores privados, traduz-se numa tragédia para o povo brasileiro, mas é celebrada pelos acionistas internacionais, que nunca embolsaram tanto dinheiro a título de lucros e dividendos.
Levantamento da Janus Henderson coloca a petrolífera brasileira no topo mundial em matéria de distribuição de dividendos aos rentistas. Isto acontece após o pagamento de quase R$ 88 bilhões aos acionistas no segundo trimestre deste ano. Com tamanha generosidade em relação aos capitalistas, a companhia lidera o ranking de maiores pagadoras de dividendos pela primeira vez em sua história.
A conclusão é do Índice Global de Dividendos da sociedade gestora Janus Henderson, que possui US$ 299,7 bilhões sob gestão. O estudo é realizado desde 2009 com o objetivo de analisar tendências de longo prazo sobre dividendos. Para este trimestre, foram analisados 1.200 pagamentos de dividendos de companhias ao redor do mundo.
Os pagamentos de dividendos no Brasil saltaram 163,6% em base subjacente. O levantamento apontou dividendos trimestrais recordes de US$ 544,8 bilhões no globo durante o segundo trimestre, 11,3% a mais em termos nominais na comparação ano a ano.
Com o pagamento do último trimestre, a Petrobras ficou pela primeira vez no topo do ranking. Foi também a primeira vez que a estatal entrou no top 10. A companhia ficou à frente de companhias como Nestlé, Rio Tinto e Microsoft. Trata-se de uma boa notícia para os rentistas, mas péssima para a nação brasileira. Veja a lista:
Empresa País Segmento
1-Petrobras Brasil Produção de petróleo
2-Nestlé Suíça Alimentos
3-Rio Tinto RU/Austrália Mineração
4-China Mobile China Telecomunicações
5-Mercedes-Benz Alemanha Automóveis
6-BNP Paribas França Bancos
7-Ecopetrol Colômbia Produção de petróleo
8-Allianz Alemanha Seguros
9-Microsoft EUA Tecnologia
10-Sanofi França Farmacêutica
Fonte: Índice Global de Dividendos da sociedade gestora global Janus Henderson
Lucros, miséria e fome
Os lucros extraordinários obtidos pela Petrobras ao longo dos últimos anos resultam da política de paridade de preços adotada pela direção da empresa como um dogma desde o golpe de 2016, que na prática significou uma dolarização dos preços dos derivados do petróleo, o que não tem razão de ser, uma vez que o Brasil é um grande produtor do combustível, a não ser a ganância dos acionistas.
Registre-se que os acionistas privados, sobretudo estrangeiros, não realizam nenhum trabalho para receber bilhões em dividendos, mas quem paga o pato é o povo brasileiro com a alta absurda dos preços do gás de cozinha, gasolina, diesel e outros derivados do petróleo. A contrapartida lógica do lucro dos rentistas é a miséria e a fome do povo.
Os impactos sobre a economia nacional são negativos. Os lucros atribuídos aos acionistas são subtraídos de investimentos produtivos que deveriam ser realizados pela empresa, assim como de iniciativas sociais e culturais que outrora eram apoiadas pela petrolífera. Tendo em vista a importância da cadeia produtiva do petróleo na economia nacional não é difícil concluir que tanta bondade com os acionistas privados contribui para reduzir as perspectivas de recuperação e crescimento da economia brasileira.
Esta política lesiva para a sociedade precisa e deve ser repudiada e derrotada pelo povo nas eleições de outubro. É essencial resgatar a Petrobras das mãos dos abutres privados e recolocá-la a serviço da sociedade brasileira e de um projeto soberano de desenvolvimento nacional, o que pressupõe a mudança da política de preços e inversão dos lucros.
Da Redação, com informações de Beatriz Quesada