Três histórias das ditaduras militares latino-americanas contadas pelas visões de crianças estarão no Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, cuja quinta edição acontece de 12 a 18 de julho em cinco salas de cinema da capital paulista. O argentino “Kamchatka”, o chileno “Machuca” e o brasileiro “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” têm em comum a forma como as crueldades dos regimes militares são descobertas pela inocência do olhar infantil.
“Kamchatka”, co-produção entre Argentina, Espanha e Itália, narra os efeitos da “guerra suja” em uma família argentina, pelos olhos de Harry, um menino de 10 anos. A direção é de Marcelo Piñeyro e o elenco conta com os conhecidos Ricardo Darín e Cecilia Roth.
O mesmo acontece no chileno “Machuca”, que conta a história de três crianças de Santiago em situações totalmente diferentes. Enquanto Gonzalo Infante vive em um bairro chique da cidade, Pedro Machuca mora em uma favela.
Mas a distancia entre as duas realidades é reduzida quando o diretor de um colégio católico decide promover uma integração social, abrindo as portas para crianças de famílias pobres. A partir disso, uma amizade cheia de descobertas surge em meio ao clima hostil que a sociedade chilena vive antes, durante e logo depois do golpe contra Salvador Allende (1973).
Já o premiado “O Ano…”, de Cao Hamburger, conduz a narrativa por Mauro, de 12 anos, que tem como maior sonho ver o Brasil ser tricampeão mundial de futebol. No entanto, às vésperas da Copa de 1970, ele vê sua vida mudar completamente com a ditadura, ao ser separado de seus pais e obrigado a se adaptar a uma nova vida no bairro paulistano do Bom Retiro.
Temáticas como a violência e o tráfico aparecem em filmes brasileiros como “Cidade de Deus” e “Eldorado”, que retrata cinco histórias reais de tráfico de seres humanos.
Ao todo, serão exibidos 137 filmes de 15 países diferentes, todos com temáticas comuns da América Latina que têm como objetivo divulgar e discutir a singularidade estética da cinematografia recente e histórica do continente. A maioria dos filmes é inédita e a entrada é gratuita.
O 5º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo acontece entre os dias 12 e 18 de junho nas salas de cinema do Memorial da América Latina – que promove o evento -, Cinesesc, Cinemateca, Museu da Imagem e do Som e do Cinusp Paulo Emílio, todas na capital paulista.
Participação do público
Além das exibições, o público pode contar com oficinas, debates e uma série de palestras ministradas por profissionais do Brasil e do exterior, entre eles o argentino Piñeyro, diretor de “O Que Você Faria?” (“El Método”, 2005) e “Plata Quemada” (2000), além de “Kamchatka” (2002), que fará uma retrospectiva de sua produção em uma aula magna que acontece no dia 17 de julho, às 16h no Memorial da América Latina.
Na ocasião, também recebe homenagem o brasileiro João Batista de Andrade consagrado por “O Homem Que Virou Suco” (1980), eleito melhor filme no Festival de Moscou, e um dos idealizadores do festival.
Mesas de debates com diretores e profissionais do cinema também acontecerão no Memorial da América Latina. Nelas, serão discutidas questões como a identidade do cinema latino-americano, o impacto dos novos meios na crítica audiovisual e a relação entre o mercado e as escolas de cinema.
Além disso, o público poderá assistir a conversas entre os diretores dos filmes apresentados onde temáticas, semelhanças e curiosidades sobre os filmes serão apresentadas aproximando os espectadores da realidade de produção.
Com informações do Opera Mundi