A diretoria executiva da CTB se reuniu na manhã desta terça-feira (24), para debater a conjuntura nacional e os desafios para as eleições de 2022. É unânime, entre os trabalhadores e trabalhadoras, a necessidade de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, e eleger um governo comprometido com a reconstrução nacional e a classe trabalhadora.
A reunião aconteceu de forma híbrida – presencial e virtual – e contou com a participação de dirigentes de diversos estados, além de convidados, entre eles Fausto Augusto, do Dieese, Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB e Carolina Maria Ruy, diretora do Centro de Memória Sindical.
O diretor de Relações Internacionais da CTB, Nivaldo Santana, qualificou o momento político como “uma tempestade perfeita”: “Temos um governo de extrema direita, antidemocrático, conservador e negacionista, que está desconstruindo o país e começa a desconstruir a partir da âncora fundamental que é o mercado de trabalho. Aumenta o desemprego, diminui a renda, precariza as relações de trabalho, diminui o papel do sindicato… e os empregos criados pós-pandemia cada vez menos são empregos formais, e cada vez mais informais, precários e com salários baixos”, denunciou o dirigente.
Segundo Nivaldo, este quadro impõe ao movimento sindical uma grande tarefa: “O movimento sindical e a CTB precisam colocar no topo da agenda a necessidade de isolar e derrotar o governo Bolsonaro e abrir novas perspectivas para o Brasil, a democracia e os trabalhadores e as trabalhadoras. A palavra de ordem que sintetiza isso é o ‘fora Bolsonaro’. Essa é a tarefa fundamental do sindicalismo”.
O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, atentou para o fato de que “vivemos numa sociedade polarizada, estamos diante de uma encruzilhada”. “Como diria o ditado popular, ‘não vamos encontrar respostas fáceis para questões complexas’. E não tenho dúvidas de que o governo Bolsonaro segue ambicionado em promover a desordem, ele agride as instituições da República, macula o Estado democrático de direito e se constitui como uma severa ameaça à democracia. Considerando esse quadro dramático com inflação elevada, alta dos preços, política de juros nefasta que vai corroendo o poder de compra dos salários e elevando o flagelo social, precisamos sim elevar todo o esforço em uma perspectiva de ampliar as forças democráticas”.
Vicente Selistre, vice-presidente da CTB e representante dos Sapateiros, alertou para a insegurança democrática que paira sobre o processo eleitoral: “Não sou da corrente que quer relativizar que haja ameaça autoritária no país. Essa ameaça existe. A cada dia armam mais a população, atacam as instituições, questionam as urnas, e duvidam do resultado eleitoral. Não faz nem dois dias, Bolsonaro estava em eventos políticos dizendo que ‘só Deus tira ele de lá’. Apesar dessas ameaças precisamos nos mobilizar para, além de eleger Lula, consolidar uma base para reconstruir o país”.
O vice-presidente da CTB, Ubiraci Dantas, defende o fortalecimento de uma frente ampla: “A frente ampla ainda não está determinada, e nós temos que ampliar ainda mais, o máximo possível. E nosso papel pode ser importante para ajudar nessa missão, em todo o Brasil. Essa questão da defesa da democracia… não está dado o quadro de que Lula vai ganhar as eleições. Precisamos fazer um esforço maior para materializar a frente ampla e diminuir cada vez mais o espaço de Bolsonaro. Ampliar o leque de alianças e ver as possibilidades”.
Paulo Farias, presidente CTB-RJ, defendeu a agenda da classe trabalhadora aprovada na Conclat 2022. “Esse ano é um ano de muita complexidade e muitos desafios. Nós precisamos dar cabo na questão da Conclat, que foi uma pauta construída por várias cabeças, várias centrais, que precisa se reverberar no país e principalmente os Estados colocarem essa pauta no centro da luta política. Derrotar Bolsonaro e esse projeto da ultradireita passa, fundamentalmente, por uma luta intensa em cada estado, em cada município deste vasto país. Aqui no Rio de Janeiro, esse estado foi devastado, aqui é um laboratório da maldade”, denunciou.
Além de eleger um candidato comprometido com a classe trabalhadora, os dirigentes sindicais acreditam que é necessário ampliar a participação das trabalhadoras e trabalhadores nas Casas Legislativas. Essa foi a preocupação levantada por Ana Cristina Rodrigues, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Amazonas, e pré-candidata a deputada estadual: “Precisamos ampliar nossa participação no Congresso Nacional. Nós, da Educação, tivemos muita dificuldade para aprovar o novo Fundeb porque tínhamos poucos parlamentares do nosso campo. É urgente essa retomada, somente assim vamos derrotar Bolsonaro, que apesar de todo esse pacote de maldade, ainda encontra tanto na Saúde, quanto na Educação, um pequeno núcleo de apoio. Por isso é fundamental fazer com que os trabalhadores tenham voz no Congresso o no Senado Federal”.
Rogério Nunes, secretário adjunto de Políticas Sociais, Esporte e Lazer da CTB, chamou atenção para a necessidade do movimento sindical estar alinhado à luta dos movimentos populares. “Essa semana haverá um encontro do Lula com os movimentos populares e nossa Central vai estar presente, e queremos divulgar essa agenda. Assim como o movimento sindical, que entregou ao candidato Lula uma agenda ligada aos trabalhadores, os movimentos populares também têm uma pauta para a reconstrução nacional e vão entregar essa proposta ao presidente Lula”.
Apesar dos retrocessos impostos pelo governo Bolsonaro, Ronald Santos, da Federação Nacional dos Farmacêuticos, destaca que ainda assim a classe trabalhadora conseguiu se unir e obter vitórias importantes. “Foi nesse espaço que os agentes de saúde conseguiram impor vitórias importantes. Ter essa leitura do lugar estratégico deste segmento na disputa política é fundamental. Ver as centrais aprovarem a Conclat e anunciarem essa agenda também é uma grande conquista deste momento. Nós da CTB, junto às demais Centrais, temos construído a ação deste conjunto de trabalhadores que ainda tem uma estrutura, e são principalmente os trabalhadores da saúde”.
Diferente dos demais dirigentes, Luiz Carlos Serafim, da direção plena da CTB, acredita que no primeiro turno das eleições deve ser feito o debate para além da polarização entre Lula e Bolsonaro. “A necessidade que a CTB hoje tem também é de eleger uma bancada de deputados e senadores alinhados à nossa luta. Eu também quero chamar atenção para o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas. O que justifica um governo que fez aumentar a inflação e a carestia, continuar crescendo? A gente aqui no PDT atribui isso ao antipetismo. No entendimento do PDT, a candidatura do Ciro Gomes cumpre um papel importante, sobretudo no fortalecimento do pluripartidarismo. A gente entende que o debate no primeiro turno é importante”.
Ao final das inscrições, a diretora do Centro de Memória Sindical, Carolina Maria Ruy, apresentou o trabalho do organismo que resgata, organiza e preserva a história da classe trabalhadora. A CTB, que entende a importância da memória para a construção do futuro, vai passar a apoiar o Centro de Memória Sindical.