Por Igo Menezes
Me lembro bem, que ainda em 2015, viralizou um vídeo de uma mulher xingando a presidenta Dilma Rousseff por conta do “absurdo” do preço da gasolina, a saber, “R$ 2,50”. Eu me pergunto, onde estaria essa pessoa vendo a atual realidade do país?
Bom, introduzido o assunto, é preciso a compreensão de que a Petrobrás é uma sociedade de economia mista, isso significa, na prática, que o governo tem 51% das ações, ou seja, é ele quem manda na política de preços da estatal, e os outros acionistas têm direito à divisão dos lucros.
E é sobre isso, sobre os lucros e sobre a política de preços escolhida pelo governo que quero falar. A Petrobrás é constantemente atacada na mídia hegemônica, seja por conta de corrupção, seja por conta de eventual prejuízo. Mas prejuízo para quem? Os acionistas estão recebendo dividendos (remuneração pelo investimento feito na compra das ações) recordes. A Petrobrás nunca deu prejuízo real, só prejuízo contábil, quando os valores desviados por corrupção foram lançados na prestação de contas. E o desejo de seguir o preço internacional dos combustíveis é sim uma escolha do governo, que foi mudada pelo ex-presidente Michel Temer e teve continuação no atual governo federal.
Parte dos combustíveis ainda são importados, e essa é a desculpa. Veja bem, o Brasil acabou de leiloar pontos de exploração do pré-sal, que servem para a inciativa privada, mas não servem para o governo. Por que será? Vamos continuar dependentes do valor do dólar e do valor internacional do barril do petróleo, mesmo que esses dois fatores não tenham nenhuma relevância para produção interna de combustíveis.
Por que não investir em refinarias, por que não nacionalizar a cadeia produtiva de algo tão relevante e estratégico para a vida da sociedade? Sim… os combustíveis sobem e com ele sobe o frete, o custo dos transportes de passageiros, o custo de vida do proprietário de veículos automotores, o preço da comida também sobe, mas e o seu salário? Ahhh… o seu salário definha. Você passa a ter menos poder de compra enquanto os acionistas da Petrobrás multiplicam seus patrimônios. É pra isso que a Petrobrás serve? Quem está olhando para os mais pobres e assalariados?
É muito necessário mudar essa lógica agora. Se temos uma parte dos combustíveis importados, então criemos uma regra de um aumento médio anual, como fazem os países ricos. E se o acionista não estiver satisfeito, que vá investir seu dinheiro em outro lugar. O que não pode é o que está acontecendo. Tem anúncio de aumento às 12h, e às 12:01h o preço sobe na bomba. Tem anúncio de redução de preços e ninguém nunca viu o combustível baixar na bomba!
O capitalismo é um sistema político-econômico pautado no lucro, e é claro que os investidores não estão preocupados com o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras do país.
É preciso sempre refletir sobre o que os candidatos projetam para coisas tão importantes e sensíveis como essa, porque nossa qualidade de vida está intimamente ligada ao preço dos combustíveis e, privatizar, ou seja, entregar na mão de quem vive pelo lucro, não me parece uma solução viável.
Igo Menezes é vice-presidente da CTB-RJ e dirigente Nacional da CTB, vereador pelo PT em Belford Roxo, RJ