A maior inflação dos últimos 28 anos, a cesta básica mais cara deste século, o derretimento da renda e o longo período com recorde de desempregados são alguns dos motivos que levaram os brasileiros às ruas de todo país no neste sábado (9) para rechaçar a política desastrosa do presidente Bolsonaro.
Sob o lema “Bolsonaro Nunca Mais”, manifestantes foram às ruas em dez capitais, além de dezenas de cidades do interior. Os atos foram convocados pelas centrais sindicais, os movimentos populares e os partidos de oposição.
Os atos deste sábado deram sequência à jornada de manifestações de 2021 que exigiam o impeachment de Bolsonaro e uma condução responsável e humanizada da crise sanitária causada pela pandemia da covid-19. E serviram também para começar a aquecer a mobilização popular para o 1° de Maio, que este ano promete ser imensa em todo o país.
Para muitos manifestantes, o ato foi uma retomada das ruas, neste momento em que o preço dos alimentos, do gás de cozinha e do combustível atinge a maior alta dos últimos anos e afeta diretamente a qualidade de vida da população como um todo, mas especialmente dos mais pobres.
Em São Paulo, mais de 30 mil pessoas ocuparam o centro histórico para denunciar a política de desmonte do Estado do governo Bolsonaro, a fome, a carestia e a retirada de direitos. Em outras capitais, movimentos sociais fizeram performances e ações de agitação e propaganda para denunciar o preço dos alimentos e explicar à população os motivos da profunda crise econômica que o Brasil enfrenta.
Em Maceió, por exemplo, os manifestantes distribuíram panfletos inspirados nas propagandas de supermercados para denunciar a alta dos preços.
Em Brasília, o movimento indígena protagonizou a manifestação e denunciou o desmonte sistemático do governo Bolsonaro às políticas de preservação ambiental, além da destruição de territórios e os retrocessos relacionados à demarcação de terras e proteção de territórios indígenas.
Centrais sindicais na luta por garantias sociais
Na última quinta-feira (7), as nove principais centrais sindicais brasileiras apresentaram um conjunto de ideias para guiar a luta dos trabalhadores neste ano de 2022. Trata-se da Pauta da Classe Trabalhadora, que reúne cerca de 60 propostas, a serem apresentadas aos presidenciáveis deste ano.
As pautas reunidas neste documento estão diretamente ligadas aos anseios apresentados nos cartazes e palavras de ordem do ato “Bolsonaro Nunca Mais”. No país com quase 20 milhões de desempregados, e onde metade da população está em insegurança alimentar, os trabalhadores exigem emprego, direitos, democracia e vida.
As propostas buscam devolver ao trabalhador e à trabalhadora brasileira um país que dê perspectivas de desenvolvimento individual e coletivo, uma vez que a situação de desalento também bate um recorde histórico.
As exigências são por políticas de valorização do salário mínimo, um programa de renda básica, geração de trabalho, proteção salarial, incentivo às micro, pequeno e média empresas; investimento em pesquisa e inovação tecnológica, retomada do programa de reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar, entre outras ações para recuperar o rumo do desenvolvimento regional.