Indignados com a gestão Jair Bolsonaro e com a política de preços da Petrobras, os caminhoneiros do Brasil prometem uma nova greve nacional para a próxima segunda-feira (1/11). A expectativa é que a paralisação dure cerca de 15 dias e se concentre no Porto de Santos – mas também atinja outros estados e estradas pelo Brasil. A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) manifesta todo apoio à greve de 1° de novembro.
Uma reunião entre representantes da categoria e do governo, organizada pela Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistase prevista para esta terça-feira (26), foi cancelada em cima da hora. Para piorar, a Petrobras acaba de anunciar mais um reajuste no preço da gasolina A e do diesel A para distribuidoras. Em 8 de outubro, a empresa já havia encarecido a gasolina e o gás de cozinha.
Segundo o deputado bolsonarista Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar, o governo Bolsonaro falhou na negociação. Tanto o presidente quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, “só trabalham para banqueiro e investidor da Bolsa de Valores”, diz o parlamentar.
Ele avalia que “pegou mal” na categoria a proposta de um auxílio-diesel de apenas R$ 400 para atender a 750 mil caminhoneiros autônomos. A opinião é compartilhada por líderes e entidades do movimento. “Caminhoneiros não querem esmola – querem dignidade”, afirmou, em nota, a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística).
“Caminhoneiro não faz nada com R$ 400, com diesel na média de R$ 4,80”, afirma o organizador da paralisação de 2018, Wallace Landim, o Chorão. “Os R$ 400 propostos pelo presidente não atendem às demandas dos caminhoneiros. Se o governo não sinalizar nada até o dia 31, no dia 1º vamos amanhecer de braços cruzados. A categoria deliberou isso.”
Ele lamentou o novo aumento anunciado pela Petrobras nesta segunda-feira (25) e disse que a situação da categoria está ficando cada vez mais insustentável. Apesar disso, afirmou que não haverá nenhuma orientação para que haja bloqueio de rodovias pelo País. “A orientação é não fechar rodovias para não prejudicar o direito de ir e vir de ninguém”, disse Chorão, um dos principais líderes da paralisação de caminhoneiros durante o governo de Michel Temer, em 2018.
Naquele momento, houve fechamento de estradas. A greve de 2018 durou dez dias, fazendo com que combustíveis deixassem de ser entregues em diversos postos. Também houve impacto no abastecimento de alimentos e em outras atividades que esperavam matérias-primas.
De acordo com Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL, a mobilização para o dia 1º segue “firme e forte”, com Bolsonaro e sua gestão agravando as tensões. “O governo a cada dia dá mais motivo para ficar em descrédito com seus apoiadores. Vai ser um movimento nacional. Estamos chamando para parar o país de norte a sul e de leste a oeste”, afirma.
Litti reforçou também que a orientação será a de não ocupar rodovias. “Até para evitar de ser multado como foi em 2018”, afirmou o dirigente da CNTTL, que representa cerca de 800 mil caminhoneiros, entre autônomos e celetistas.
A principal demanda da categoria é por uma mudança na política de preços da Petrobras. “A política de preços de paridade internacional (PPI) é equivocada e está visando apenas dar lucros aos acionistas da Petrobras, quem comprou ações da empresa”, diz Litti.
Para o presidente da Associação das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados do Petróleo do Rio de Janeiro (Associtanque-RJ), Ailton Gomes, agora só quem pode evitar mesmo a paralisação é o governo. “Não depende mais da gente. Depende do governo federal e estadual”, declara. “O que precisamos é que se baixe o preço dos combustíveis.”
Da Redação, com UOL e agências