Desde 2017, o sindicalista Nivaldo Santana está à frente da Secretaria de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Nesta entrevista ao Portal CTB, Nivaldo detalha a atuação de sua pasta e fala sobre a influência da conjuntura internacional sobre a luta dos trabalhadores. Confira.
Portal CTB: Quais são as entidades e os fóruns do sindicalismo internacional nos quais a CTB atua? Quais são as marcas dessa atuação?
Nivaldo Santana: A CTB é filiada à Federação Sindical Mundial (FSM) e está representada na Secretaria-Geral Adjunta pelo nosso companheiro Divanilton Pereira. Em consequência, atua na FSM na região e nas UIS (Uniões Internacionais Sindicais) dos diferentes ramos da FSM.
A Central também tem atuação destacada nos Fóruns da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sob coordenação do companheiro Carlos Muller, secretário de Relações Internacionais Adjunto da CTB; e no Brics Sindical, com a liderança do companheiro Mário Teixeira, secretário de Assuntos Jurídicos. Além disso, atua no Encontro Sindical Nossa América e mantém relações bilaterais com centrais sindicais internacionais de orientação classista, principalmente no nosso continente.
Portal CTB: Para a classe trabalhadora, existem hoje bandeiras que podem ser consideradas universais – válidas para praticamente todo o mundo?
Nivaldo Santana: Desde 2008, o capitalismo vive uma grave crise. Os governos conservadores e neoliberais procuram descarregar o ônus maior dessa crise nas costas dos trabalhadores, com redução do custo da força de trabalho, retirada de direitos, arrocho salarial, precarização, fragilização dos sindicatos e individualização das relações do trabalho.
A pauta comum do sindicalismo internacional, em oposição a essa agenda, é a defesa de projetos nacionais de desenvolvimento com valorização do trabalho, geração de emprego de qualidade, melhores salários, redução da jornada, regulação do trabalho, fortalecimento dos sindicatos e de seu poder de negociação e representação.
Portal CTB: Qual é a sua avaliação do sindicalismo brasileiro, numa comparação com a realidade do movimento sindical mundial?
Nivaldo Santana: Cada país tem suas particularidades. A situação dos trabalhadores e do sindicalismo depende da situação política do país, do maior ou menor grau de democracia, do nível de desenvolvimento econômico e avanço científico e tecnológico. Todos esses fatores estão em crise no Brasil, onde há recessão e estagnação econômica, desindustrialização, poucos recursos para Ciência & Tecnologia, fragilização dos direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais.
Mesmo assim, o movimento sindical brasileiro mantém sua pujança, aumentou sua unidade e preserva sua capacidade de mobilização. Nosso sindicalismo é peça de resistência fundamental ao projeto de destruição nacional e trabalhista do governo de extrema-direita.
Portal CTB: A seu ver, quais são os desafios centrais da Secretaria de Relações Internacionais neste novo mandato (2021-2025)?
Nivaldo Santana: A Secretaria deve aprofundar sua atuação na FSM e em suas organizações de ramos – as UIS –, ampliar e fortalecer as relações e o intercâmbio com as centrais sindicais internacionais de orientação classista e atuar de forma qualificada na OIT e no Brics Sindical. Precisamos construir espaços de unidade com base em uma agenda de defesa da democracia, soberania nacional e desenvolvimento com valorização do trabalho, além de ocupar papel protagonista em todos os espaços em que questões ligadas ao mundo do trabalho estejam pautadas.