Por Francisca Rocha
A situação do Brasil vem se degringolando há alguns anos. Antes de Jair Bolsonaro ser eleito para a Presidência da República, o fascismo já dava as caras nas ruas nas manifestações de 2013.
O horror já se espalhava. Com o beneplácito de grande parte da burguesia. Seus porta-vozes da mídia criminalizavam os movimentos sociais, o movimento sindical, os partidos políticos de esquerda. Detonavam a luta pelos direitos humanos, direitos sociais e por uma vida digna.
Os meios de comunicação burgueses preparam o campo para o crescimento do monstro do fascismo atacando diariamente os direitos trabalhistas, a educação, o Sistema Único de Saúde (SUS), as políticas públicas em favor dos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTQIA+, dos indígenas, da juventude, das crianças e dos idosos.
Os bichos escrotos perderam a vergonha e saíram para as ruas babando de ódio. Agrediram militantes de partidos de esquerda, pessoas com roupa vermelha, mulheres, negros, LGBTQIA+. Nós não podemos repetir essa violência antidemocrática e contra a vida.
Por isso, é fundamental combater a agressão promovida pelo PCO na manifestação do dia 3 de julho, na avenida Paulista, em São Paulo. Precisamos de todo mundo para derrotar o fascismo nas ruas, nas redes e nas eleições.
A história continua. Com amplo apoio midiático, grupos de direita e extrema-direita se uniram e promoveram gigantescas manifestações pelo impeachment da primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Em 2016, o golpe foi consumado com a desculpa das tais “pedaladas fiscais”. Mesmo sem nenhuma comprovação de crime, Dilma foi afastada do governo.
O então vice-presidente, Michel Temer assumiu com a incumbência de solapar o movimento sindical e os direitos trabalhistas. Conseguiu aprovar a reforma trabalhista em 2017, com a promessa de criação de milhões de empregos. Resultado: o desemprego cresceu vertiginosamente.
Além disso, Temer cortou verbas da educação e saúde públicas. Aprovou a Emenda Constitucional 95, congelando salários de servidores públicos e investimentos no serviço público.
Mas era pouco para a ganância do capital. O sistema financeiro nacional e internacional queria mais. O pré-sal, desprezado por eles, tornou-se objeto do desejo de grandes conglomerados multinacionais.
Então foi cortada a destinação dos royalties do pré-sal e do Fundo Social do petróleo para a educação e para a saúde. Tiraram a prioridade da Petrobras para a exploração do pré-sal.
Mas ainda queriam mais. Por isso, em 2018, não hesitaram em apoiar Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições. A incumbência do novo governo: avançar nas reformas que a burguesia tanto queria. A reforma da previdência veio com o atual desgoverno e a aposentadoria começa a parecer um mundo distante das trabalhadoras e trabalhadores.
Querem aumentar a jornada de trabalho, cortar todos os direitos trabalhistas, como o descanso remunerado, as férias de 30 dias, o 13º salário, entre muitos outros itens.
O monstro se pôs de corpo inteiro para fora. O fascismo avançou. Bolsonaro se mostra totalmente despreparado para exercer o principal cargo de mandatário do país. Fez acordos com grupos de evangélicos fundamentalistas. Partiu para o negacionismo da ciência, da cultura e o desprezo absoluto pela educação, pela civilização.
Em seu primeiro ano de desgoverno já mostrou a que veio: destruir as instituições e o país, a serviço de interesses de grupos nacionais e internacionais, sempre atuando em favor dos muito ricos. O desemprego aumentou, a fome voltou e a falta de respeito prevalece.
Veio a pandemia em 2020 e a situação se agravou. Com o negacionismo, o desprezo pela vida e a falta de interesse em agir para controlar a pandemia e impedir a disseminação rápida do coronavírus, milhares de brasileiras e brasileiros começaram a morrer todos os dias e o presidente fez e faz piadas com as mortes.
Muitos apoiadores pularam fora do barco e se tornaram críticos ao desgoverno. Bolsonaro insistiu em sua tática beligerante e suicida. Insiste em atacar os movimentos sociais, os direitos humanos, a liberdade de pensamento e de imprensa. Insiste em insuflar o ódio, a violência, a discriminação.
Com seu discurso da anti-política e contra a corrupção se elegeu, mas não demorou muito para ser desmascarado. Disse que ia acabar com a “mamata”, mas só aumentou a mamata para seus familiares e aliados.
A oposição começou a crescer. Os movimentos contra o seu desgoverno começaram nas redes sociais por conta da necessidade de distanciamento social causada pela pandemia. Mas chegamos a um ponto crucial. Ninguém aguenta mais Bolsonaro e seus seguidores.
O país vive a pior crise sanitária de sua história. A fome assola mais de 20 milhões de pessoas. Mais de 50 milhões estão sem emprego ou em trabalho precário. A inflação voltou e a economia patina. O custo de vida aumenta e todo mundo pede o impeachment de Bolsonaro. Basta!
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).