Por Adilson Araújo, presidente da CTB
A classe trabalhadora e as forças democráticas e progressistas brasileiras estão festejando a vitória do professor e sindicalista Pedro Castillo nas eleições presidenciais para o Peru, realizadas no último domingo (6). Do outro lado, o resultado é mais uma contundente derrota da extrema direita e da direita neoliberal no rastro de uma profunda crise sanitária, econômica, social e política que sacode o continente americano.
Associado ao recente sucesso eleitoral da esquerda no Chile, no México e, antes, na Argentina, Bolívia, Venezuela e Montevidéu, a eleição de Castillo mostra que está em curso na América Latina uma nova onda progressista, que se encaminha também para as praias brasileiras.
O fiasco das forças conservadoras e a polarização entre esquerda e extrema direita reflete e traduz o fracasso das políticas neoliberais, que conduziram e ainda estão conduzindo os povos latino-americanos além dos limites do suportável.
O cenário político e social do Peru é devastador. O país teve quatro presidentes desde 2018 é recordista em mortalidade por covid-19 no mundo, registrando mais de 185.000 mortos em uma população de 33 milhões de habitantes. Em 2020, o PIB despencou 11,12%.
Este é o pano de fundo da polarização entre esquerda e extrema direita nas eleições peruanas. A candidata derrotada, Keiko Fujimori, filha do ditador Fujimori, é uma corrupta farsanta que teve a prisão preventiva requerida por um promotor na noite da última quarta-feira (9). Representa as velhas e decadentes oligarquias peruanas.
O eleitorado compreendeu, majoritariamente, que tudo que a extrema direita e a direita neoliberal têm a oferecer ao povo e à nação peruana é mais sofrimento, arrocho e entreguismo.
Em contraste, Castillo se projetou politicamente depois de liderar uma histórica greve nacional da educação que se prolongou por três meses. Venceu as eleições presidenciais com escassos recursos financeiros e midiáticos e o brado “chega de pobres em um país rico”.
O presidente eleito defende a convocação de uma Constituinte e a recuperação do controle nacional da energia e riquezas minerais, como gás, lítio e ouro, entregues ao apetite das multinacionais. Também acenou com ações de combate ao desemprego e o propósito de criar mais de 1 milhão de novos postos e trabalho.
A exemplo do que ocorreu no Peru, o neoliberalismo e o negacionismo do governo federal empurraram a sociedade brasileira para além dos limites do suportável. Vice-campeão mundial no número absoluto de mortes na pandemia, sob o tacão de Bolsonaro o Brasil caminha celeramente para a tétrica marca de meio milhão de óbitos por covid.
Isto não é tolerável. Basta!
Fora Bolsonaro! É este o grito que ecoará com muita força em todo o país nas manifestações de rua convocadas pela CTB, as centrais e os movimentos sociais para o próximo dia 19. A nova onda progressista em movimento na América Latina há de chegar também aos litorais brasileiros.
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