O Brasil ultrapassou oficialmente nesta terça-feira (26) a marca dos 450 mil mortos pela covid-19. A CPI que está em curso no Senado vai colecionando provas e evidências de que este número absurdo de óbitos, que transforma o país no cemitério do mundo como notou o senador Renan Calheiros, não se deve apenas à pandemia. O presidente da República tem culpa no cartório.
No domingo Bolsonaro protagonizou novas cenas de aglomeração sem uso de máscaras no Rio de Janeiro, infringindo ostensivamente a lei durante uma manifestação golpista em que foi acompanhado pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, seu cúmplice na política sanitária genocida que, na condição de general da ativa, atropelou o Regulamento do Exército e pode ser punido.
A manifestação foi interpretada como uma comemoração das mortes pelo presidente da CPI da covid, senador Osmar Aziz. Consistiu igualmente num estímulo ao avanço do vírus, que se multiplica no meio de multidões, o que vai ao encontro da teoria insana da imunidade de rebanho defendida pelos bolsonaristas.
Especialistas estimam e o andar da carruagem indica que o Brasil pode alcançar 611 mil mortes até agosto e se transformar no campeão mundial de óbitos da pandemia.
“Acabamos de finalizar uma nova estimativa que aponta até 611 mil mortes no Brasil até agosto. O inverno deve piorar a situação. Por sorte, as vacinas têm se mostrado eficazes em reduzir as mortes, mas a vacinação está atrasada no país”, afirmou (em 26 de abril) Ali Mokdad, o libanês-americano chefe de estratégias para saúde pública do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, em Seattle.
Estamos caminhando nesta triste direção. Naquele dia o país computava cerca de 380 mil mortos. Nesta terça (26), um mês depois, já são mais de 450 mil. Mokdad recomendou três remédios para evitar a concretização do cenário trágico: uso de máscara, distanciamento social e lockdown. Bolsonaro faz precisamente o contrário e segue conduzindo o povo brasileiro, como gado, ao matadouro.
Centenas de milhares de vidas teriam sido poupados se o presidente não negligenciasse a “gripezinha” e seguisse as recomendações da ciência e da OMS no combate ao vírus. Não é sem razão que vem sendo chamado por inúmeros brasileiros e brasileiras de genocida. Não há nome mais apropriado para qualificar sua conduta.