O líder da extrema direita não tem argumentos para se defender da acusação de genocídio. Como o filho, que compareceu à reunião da CPI da covid para ofender o senador Renan Calheiros, ele tergiversa e apela para baixarias sem se preocupar com a dignidade do cargo que ocupa e pela qual devia zelar.
Em queda livre nas pesquisas eleitorais, que mostram o ex-presidente Lula possivelmente obtendo uma vitória no primeiro turno, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a chamar o líder petista de “nove dedos” durante visita a Maceió, nesta quinta-feira (13), numa alusão preconceituosa ao dedo que ele perdeu quando trabalhava numa fábrica.
“A Caixa, lá atrás, com aquele ladrão de nove dedos, dava prejuízo. Em nosso governo, com a liberdade que você tem, mais que lucros, ela traz benefícios para todos nós do Brasil”, afirmou.
A afirmação, como é comum no Clã Bolsonaro, é falsa, não tem correspondência com a realidade. Quando Lula assumiu, em 2003, a instituição tinha R$ 18,8 bilhões na carteira de crédito. Em 2011, quando Dilma tomou posse, o estoque tinha se elevado a R$ 212,7 bilhões. Em nenhum ano do período a CEF fechou o ano no vermelho ou “dava prejuízo”, como sugere o presidente Fake News.
Assim como o filho Flávio, Bolsonaro chamou de “vagabundo” o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, que vem provando o descaso do governo federal com a vacinação e já salientou o Brasil foi transformado no cemitério do mundo e os responsáveis devem pagar pelo mal que praticaram.
Ódio à CPI
Os depoimentos e documentos colhidos pelos senadores durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito configuram provas robustas e incontestáveis da responsabilidade do presidente no morticínio em curso no Brasil.
Transparece no trabalho inquisitório dos senadores a recusa da compra de vacina, o boicote da CoronaVac, responsáveis pelo atraso da vacinação, a proibição do uso de máscara, o estímulo às aglomerações, a guerra contra governadores, prefeitos e medidas de isolamento social, a aposta na chamada imunidade de rebanho.
O número oficial de mortes por covid chegou a 428 mil, é pavoroso e vem sendo exibido a cada sessão da CPI pelo relator e o presidente. Daí o ódio do líder da extrema direita contra a Comissão e o senador Renan Calheiros.
“Não vai ser fácil. Sempre tem alguém picareta, vagabundo, querendo atrapalhar o trabalho daqueles que produzem. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem em nosso país. É um crime o que vem acontecendo nessa CPI”, discursou o presidente.
“O recado que eu tenho para esse indivíduo: se quer fazer um show para me derrubar, não fará. Somente Deus me tira daquela cadeira”, completou, ovacionado por uma plateia que gritou diversas vezes “Renan Vagabundo” e “Fora Renan”.
Bolsonaro estava acompanhado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do senador Fernando Collor (PROS-AL), adversários de Renan. A explosão de estupidez e grosseria não vai livrar a cara do presidente genocida e nem reverter o avanço da rejeição popular captado pelos institutos de pesquisas.
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