por Aloísio Morais
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais retomou nesta quarta-feira (12) as buscas pelos restos mortais de 11 desaparecidos no crime da mineradora Vale S/A, na mina de Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Pelo menos 272 pessoas morreram no local em 25 de janeiro de 2019. Cerca de 50 bombeiros se revezam nos trabalhos durante todos os dias da semana, após as buscas serem interrompidas no dia 17 de abril, quando o estado entrou na Onda Roxa do plano Minas Consciente de combate à pandemia.
As mortes foram provocadas pela avalanche de lama que desceu da Serra dos Três Irmãos com o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro. Atualmente, as buscas se concentram na área do Terminal de Cargas Ferroviárias a partir de quatro estruturas de buscas que visam alcançar a maior área de rejeitos possível.
Barragens de risco
No último dia 4, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais impôs à Vale a obrigação de informar em 90 dias onde ficam todas as barragens de risco da mineradora em Minas. A decisão do TJMG veio após constatação, em 2020, de que há 14 barragens-fantasma da mineradora fora do Cadastro Nacional de Barragens de Mineração do Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração.
Caso a ex-estatal descumpra a ordem, poderá pagar multa de R$ 100 mil por dia de atraso e R$ 15 milhões por nova barragem declarada. Para a Justiça, o caso é gravíssimo, pois três dessas barragens estão sob risco de rompimento, em nível 1 de emergência, duas em Nova Lima e uma em Ouro Preto. Das 14 barragens sem cadastro, duas ficam em Itabira, os diques 1A e 1B na mina Conceição. As demais estão em Catas Altas (5), Nova Lima (3), Brumadinho (2), Sabará (1) e Ouro Preto (1).
Com minas espalhadas em diversas regiões de Minas Gerais, a Vale S/A transformou-se em terror para milhares de moradores vizinhos aos locais de sua extração de minério de ferro, devido ao perigo do rompimento de suas barragens de rejeito. É o caso de Itabira, na região Central do estado, onde os moradores de dois bairros podem ser obrigados a mudar de suas residências devido ao arisco de rompimento da barragem da mina Conceição.
Em alta
Principal produto de exportação dentre as commodities brasileiras, o minério de ferro encontra-se em alta no mercado externo e, no embalo deste bom momento, a Vale S/A e as demais mineradoras do país estão nadando de braçada. Principal compradora do produto, a China desentendeu-se com os exportadores da Austrália, principal concorrente brasileiro, e isso contribuiu para que o minério chegasse à cotação de 200 dólares a tonelada, o maior patamar já atingido na história do comércio do minério.
Conforme o relatório VALE3 da empresa, a produção do primeiro trimestre de 2021 mostra uma alta de 14,2% na produção de minério de ferro quando comparado com o mesmo período do ano passado, para 68,05 milhões de toneladas, fazendo com que as ações da mineradora disparassem na Bolsa de Valores.
O crescimento no comparativo anual é atribuído à retomada gradual das operações paradas nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande, em Minas Gerais, ao aumento das compras de terceiros e ao reinício das operações em Serra Leste, no Sistema Norte.
A mineradora destaca que atingiu uma capacidade de produção de 327 milhões de toneladas por ano no primeiro trimestre, devido ao comissionamento das linhas de beneficiamento de Timbopeba, que, segundo a companhia, foi parcialmente compensado por restrições de desempenho em diferentes sites, como Itabira e Mutuca.
Quanto às vendas, a Vale registrou alta de 14,8% no segmento de minério de ferro, na comparação anual, chegando a 59,3 milhões de toneladas métricas. Na comparação trimestral, por sua vez, houve uma queda de 28,4%.
Foto: Aloísio Morais