O líder da extrema direita dedicou seu voto pelo impeachment de Dilma ao torturador-mor do regime militar, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do sinistro Doi-Codi que torturou a ex-presidente e muitos outros presos políticos. Agora o governo Bolsonaro está estimulando o ressurgimento da tortura e a torpeza dos torturadores. O suplício de Rodrigo Pilha, um militante das causas populares, é mais um sinal de alerta sobre o avanço do neofascismo no rastro do genocídio que o capitão Cloroquina vem promovendo. O episódio é objeto da matéria da RBA intitulada Chutes e murros no ‘vagabundo petista’: Rodrigo Pilha foi torturado na prisão, aponta revista, reproduzida abaixo:
Detido em 18 de março após participar de protesto com a faixa “Bolsonaro Genocida”, Pilha, assim que entrou pelo pátio do presídio, já era esperado por agentes que perguntavam a todos os custodiados “quem era o petista”, de acordo com reportagem
Reportagem do editor da revista Fórum, Renato Rovai, publicada nesta quinta-feira (29), confirma que o ativista Rodrigo Grassi Cademartori, conhecido como Rodrigo Pilha, foi torturado e espancado no Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Brasília. Ele ficou 14 dias preso no local, até ser transferido para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), também no Complexo Penitenciário da Papuda.
As agressões tiveram início logo na chegada de Pilha ao CDP II, a área mais conhecida como “Covidão”, por separar os internos recém-chegados ao sistema prisional para cumprir quarentena por 14 dias. Detido em 18 de março após participar de protesto com a faixa “Bolsonaro Genocida”, Pilha, assim que entrou pelo pátio do presídio, já era esperado por agentes que perguntavam a todos os custodiados “quem era o petista”.
Identificado, Pilha foi recepcionado com chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça, segundo a Fórum, que apurou os detalhes da denúncia de agressão que já havia sido divulgada pela RBA, em 12 de abril, com base em informações do jornalista Guga Noblat, que obteve os autos do processo.
A reportagem descreve que “enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia, e do qual a família e advogados têm a identificação, perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista”. O agente ainda dizia que “Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara”, cita o veículo.
Mais tortura
A sessão de tortura continuou à noite, quando o ativista já estava na cela. De acordo com Rovai, os mesmos agentes foram fazer uma blitz no local e deixaram todos os detentos nus, enquanto os agrediam com chutes e pontapés. “Com Pilha, foram mais cruéis. Esparramaram um saco de sabão em pó na sua cabeça, jogaram água e depois o sufocaram com um balde. Todos foram avisados que estavam sendo agredidos por culpa de Pilha. Do petista que não era bem-vindo na cadeia”, relata.
Ainda detido no CPD II, Pilha reclamou de lesão contusa no membro superior direito e coxa direita e foi atendido no dia 23 de março. Um relatório médico constatou equimose ao exame clínico, um diagnóstico semelhante a hematomas e que indica a presença de manchas na pele geralmente provocadas por traumas. O documento também faz parte do inquérito.
Durante os dias em que ficou preso na detenção provisória, o ativista contou com a solidariedade dos companheiros de cela, que dividiram com ele roupas e alimentos. Atualmente, o ele cumpre pena no CPP em regime semiaberto, trabalhando no período da manhã. Sua defesa, contudo, ainda tenta conseguir progressão de pena, mas vêm encontrando uma série de entraves.
Prisão política de Rodrigo Pilha
Apesar das dificuldades, juristas renomados do país denunciam que a prisão de Pilha é unicamente “política”. Eles apontam que a manutenção do cárcere é baseada em um processo de desacato de 2014, uma infração que não prevê restrição de liberdade. Com as novas denúncias de tortura e espancamento, o temor dos famílias e dos advogados é que a vida do ativista esteja em risco.
PeloTwitter, o humorista, escritor e ator Gregório Duvivier comentou o caso. “Sei que nada mais nos choca. Que estamos batendo 400 mil mortes. Mas isso é abjeto demais. Não pode passar batido. Sua prisão já é criminosa. O que aconteceu lá dentro é hediondo. Liberdade pra Rodrigo Pilha. Cadeia pros torturadores”, escreveu.
Ao compartilhar a notícia na edição desta sexta (30) do Jornal Brasil Atual, a jornalista Marilu Cabañas também repudiou os novos detalhes do processo político. “É uma grave denúncia. Quis fazer esse apelo para que as pessoas se solidarizem e entrem nessa força para a gente tentar tirar o Pilha da prisão. Inadmissível esse tipo de tortura e agressão.”
Comissão na Câmara pede “apuração imediata”
A presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) solicitou hoje que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaure apuração da denúncia de agressões contra Rodrigo Pilha.
O documento é assinado pelos deputados Carlos Veras (PT/PE), presidente da CDHM, e Érika Kokay (PT/DF), 2ª vice-presidente. Nesta sexta-feira, está prevista uma reunião da deputada Érika Kokay com a juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais, para tratar da questão.
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